Wednesday, June 27, 2007

dias de verão

tá muito tempo quente
fazendo mais de 40°C
vê o calor arder no peito
vê a molecada correndo
soltando pipa
avisando à todos os carros de alegoria

é
tinta sujando a calçada
é
muito sangue manchado a rua
depois de fogos de São João
são os
tapetes de corpos
coroados de balas
gente fugindo, gente escondendo
feito brincadeira de criança
é farra de gente

valas fúnebres
de carnaval
enfeitam as passarelas
urbanas

aqui os homens tem medo
nesta terra de culpa
apagada
de política azeda
de gente esganada
atrás de um buzão

eu vejo apenas urubus
gritando por paz
pois os homens estão calados
esperando o temporal passar
porque daqui para frente
mais 500 anos de escravidão

descobrindo

teu olhar, teu estar
eu ouvi
eu pude sentir

apenas a brisa
apenas um toque
no véu da memória

vou lembrar
mais um pouco
vou ser a nau perdida
Santa nina
a encontrar
meu paraíso

no fim abismo

a sua carne
esmagada sob o asfalto
tua alma cuspida pelos ventos
assim sentimos por nosso
orgulho, nossa pátria
aos pedaços

nos porões todas as vozes
se humilham
gritam em silêncio
mais ética
mais dignidade
enquanto ainda
somos simples
agulhas perdidas
no abismo

Sunday, June 24, 2007

presídio

estão correndo
eles correm para liberdade
sem olhar para trás

sem lágrimas de pesar
todos vão para longe
deste presente

um dia irmãos
um época parentes
todos se vão para fugir
deste lugar chamado lar

vamos embora, vamos para fora.
nas terras da promessa
e da vaidade
onde sonhos podemos ter

eles correm em desespero
por tatear a liberdade
mas entre as portas da
liberdade havia uma grade
um muro anti-libertação

vôo da libertação

deitado
flutuo além de meu corpo
suspiro
ao lembrar so som do mar

como pássaro
eu alço vôo
e em seu encalço
eu finco a pedra mágica

meu sonhar agora
é pleno
meu destino eu penhoro
a dama de meus desejos

mas um subito segundo
um momento de hesitação
acordo de repente
sem saber onde estou

meu quarto
4 paredes se nome
meu repouso, minha prisão
e em meu peito arde um vazio
de solidão

incompleto

a faca empunhada
ainda sangra inocente
o peito apunhalado
nas margens de um rio

desce lentamente
a mancha e se funde no crepúsculo
assim começa a história
de Cidobel e valdemira
que em uma noite
uma puta e um circense

se encontraram para amar
não por amor
nem por vontade
uma atração sem conjugal
um afeto monetário
de um vício da marginalidade

assim desperto no acaso
como trombada de esquinda
os corpos flutuantes
se chocaram
de um olhar distante
uma alma apaixonada
cega pelo ódio
coronel de terrar férteis
e família nobre

venha procurar

o luar ainda brilha
meu amor incontínuo
de segundo odiar
e retorno a te amar

vou versar
vou chamar um sonho teu
vou robar um lábio seco
e pecar no fundo de uma igreja
vou matar
e ignorar
o que sinto, meu amor

passam-se horas
sem tempo para pensar
vou sentir
vou sentir e sentir
por este amor
que julgo ser meu

por detrás das cortinas deste salão
sozinho eu vou ficar
o meu amor que se perdeu

au revoir

andam me indagando
e no revolto eu me condeno
sou julgado em bastilha
na forca dos inocentes

aqui não ninguém
que tenha culpa
por pãozinho
ou uma morte mal calculada

eu vou dizer que sou contexto
de exclusão
vou refazer meu verbo ser

como tu e muitos ai
sou prisioneiro
de um lugar sem nome
sou verdade apagada
em cinzas

assim como dizem por ai
Au revoir

a fome de todos


eu tenho fome
faz apenas dois minutos que comi
ingeri a minha úlcera

diagnóstico
diz que foi acúmulo de medo
pânico
aquelas coisas do homem moderno

tenho fome
muita mesmo
me enfarto de luxúria
na roda gigante
das cores do mundo

a fome me chama
e diz a mim mesmo
eu tenho muita fome
da cultura humana
do conhecimento profano

a cada dia me torno maior
além dos padrões intercontinentais
eu tenho fome
de consumo urbano
eu estou me entupindo
de prazeres estúpidos

eu ainda tenho fome
e nem terminei o 1°
almoço

da terra batida, da herança perdida

a terra sob meus pés
é areia bruta
o som das andorinhas
não me assustam

assim revelam-se os caminhos
os galhos que me cortam
são cicatrizes

e aqui sob meus pés
é a terra de meus parentes
aqui sou rei sem coroa
ergo nos pilares
a minha herança

a terra sob meus pés
é farta
onde cada ossada esconde
uma raiz da minha realeza

sou um sonho
real fincando meu orgulho
em vaidade
sou filho desta terra cansada
e batida
herdeiro legítimo
das posses de meus pais

aqui em pé sinto
o chão flamejar
meus desejos

aqui nesta terra, onde piso
é chão batido
das esperanças
alheias

as serras

ouço o som das serras
daquele lugar
onde a alma acaba

em cada sublime retorno
sempre uma descoberta
uma face oculta
se revela

ouço o uivo faminto
da antropofagia
e ninguém pode alterar
os fatores

retorno ao porão
das vaidades para incendiar
as poucas virtudes

ainda ouço o som das
serras onde nasci

intrincado

havia escrito no chão
da varanda
o destino incógnito

o cão fiel
ao lado repousa

ainda criança
ainda pequeno a enxergar
as graves lacunas

um fruto, um fardo
vivia seu próprio silêncio
menino, pequeno

errante em pensamento
diante ao mundo
ansioso

o chão se estendia
e por ele ficavam
várias idéias
que de sua casa expeliam

dê me uma

me dê uma voz para
gritar!
me dê uma voz para
escutar

as vozes se açoitam no
inverno
as vozes emudecem
no limiar do tempo

atrozes tempestades
que trazem delírios

dê me uma voz
para apreciar
para calar o ódio
dê uma voz para
reclamar a posse
e sucessão

mas o mundo é simples
e cruel
é calado
no entreato de mil falatórios

Wednesday, June 20, 2007

não reconheço-me

o coração está aflito
por não saber dizer
o coração quase faminto
esbanja em trágica solidão

tormento agudo
deste dilúvio moral
dai-me soluções
para entender
o estado civil

há um pânico dormente
já nascemos assim
em cada esquina
uma escuro mal abocanha
parte de nós

meu coração não fala
não reflete nenhum sentimento
meu coração
apenas critíca
a minha própria situação

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transparente breu

se houvesse uma chama
que iluminasce
meu caminho

poderia reconhecer
os suplícios de minha
alma
seria ela transparente então

e um grito em pleno
despertar
um sorriso sem afago
uma cócega

riria por viver
na intensidade
de sentir
choraria por crer
em palavras dóceis

mas o fio se apaga
e sobra uma lâmina fria
e cortante
rompendo não apenas a carne
mas a verdade que eu sou

vejo o rubro véu
se envolver em mim
e sei que o fim
é algo sublime
que jamais fugiremos

Tuesday, June 19, 2007

sanatório

eram praias
isoladas
meus pés ainda descalços
amaciavam a areia

eu estava longe de mim.
um último mergulho
naquele mar

somente em confidência
de uma paisagem minha
poderia enfim
recuar
descansar de todas as estruturas
e fortificações
de mim

muito longe
eu estava naquele momento
vivendo num disfarce ,
recuperando os flagelos
de minha sanidade

eu estava cada vez mais só
entre paredes brancas
entre mundos estranhos
eu me via
amarrado
nas fontes da loucura
eram apenas paredes
que tentariam
prender-me de meu mundo
de meu lugar perdido

dentro para fora

toc toc
bate alguém à porta
sobra alguma misericórdia lá fora

crash splash zuuu
de ouvido colado
ouço sim maquinações
de um mundo doente

toc toc toc
ainda bate à porta
um alguém
esi o mistério
que desfaz num gesto simples

um fim esperado
ou incerto
a morte ou fulgida felicidade
é hora de abrir
deste lugar sem fé
nada resta do que abrir portas
sem dono

pedra mágica

ainda que perdesse
no voar
sóbrio
ainda que fosse um ontem
nu

eu entulho partes
passadas
eu apenas penso
revivendo dois passos atrás

ainda que soubesse
os pensamentos negados
no limiar
rude
ainda mesmo que fossem
fatídicos estes momentos

eu enferrujo as estruturas
reais do
meu coração
de palha

ainda queima
ainda dói
simplesmente é assim
em visões
em padrões
eu adoeço, enloqueço
eu refaço e desfaço
para achar
a pedra mágica
a pedra

bandeiras vermelhas

é frio aqui
dentro da mente
do homem calado
deste coração austero ouço palavras
sutis

é estranho aqui
dentro do homem
vazio
de mente nula

o sol pace brilhar lá fora
e eu aqui enclausurado
neste concreto
eu aquietado
longe da revolução

A dança dos vampiros

vestidos de brumas
seus olhos videntes enxergam
a alma humana

seus corpos em ritmo
danúbio
emergem no azul do infinito
em colapso debatem em
obscurecimento

eles dançam
no par perfeito, alimentam-se
dos passos
rubro olhar
imerso no perdoar
caminhar
passos cruzados
entrelaçados
amantes

eles dançam
qualquer dança de danação
famintos de sua própria natureza
espreitam
e subjugam e corpos
sobrepostos
uivando na aleatoriedade
de um simples torpor

olhos e olhares e visões

falsifico as cores dos meus
olhos
mas não falsifico o meu rude
olhar

de sentimentos longíquos
o breve chamado
ao amante
um breve convite ao
tempo adormecido

e lá estará novamente
a verdade sublimada
e os olhos terão lágrimas
terão imagens
que não devia mais processar

ocultar e infringir

nenhuma palavra
nos muros
nenhuma lembrança manchada
nas costas dos deuses

respirações ofegantes
partilhadas
fragmentadas

ao redor apenas
o uivo do vento
refraseando o silêncio

fingimos procurar encantos
fingimos dizer todo o esquecimento
nada apenas
nada a mais
somas se acumulam nas sombras

luzes se ofuscam
em casulos
e os muros pintados
manchados
muros que dizem
verdades

Sunday, June 17, 2007

nós dois

por aqui
e acolá vamos navegar
neste mundinho
vamos nos apixonar
neste lugar
tão repentino

como o rio que se encontra
no amanhecer
vamos sonhar
com coisas belas

porque ainda existem fantasias
fora da cabana de palha

azul e verde

o homem azul olha para o homem verde
mesmo um espelho
mesmo um reflexo tão íntimo
mas de cores diferentes
de mundos distantes
os homens filhos
do arco-íris
ainda entram em violência plena

mesmo os cálculos
pragmáticos
sutis as diferenças
corrôem
este homens
de almas de vidro

exaustiva repetição

estou cansado de dizer
dizem sempre
as mesmas palavras
estou cansado de dizer
te amo
quando se gasta com palavras
vazias

estou exausto de flagelar
este amor
aos ouvidos surdos
estou desabafando
sem esxatidão
para encontrar a cura
de uma fúria que mata
toda solução

mesmo em corredores
de rimas e so som
do eco
ouço as tais palavras te amo
quando parecia haver alguma
esperança

sinto apenas a repetiçaõ
infinita no pensar
mesmo calando
mesmo no silêncio
bate o som das mesmas palavras
vazias

amnésia

dia 23 de abril
eu esqueci de trabalhar
foi assim
esqueci. completamente

dia 13 de maio
esqueci de despedir
esqueci os nomes das crianças
foi assim puft
esqueci
- pertubador.

dia 1 de junho
esqueci de te amar
como se olhasse para um vidro
transparente
sem dor, sem lágrimas
apenas esqueci

dia 3 de junho
esqueci de voltar
para casa. Casa?
Tenho isso?

Esqueci da data de hoje
não devia ser importante
.....
......
........
.................

por fim esqueci de mim
esqueci que existia
e assim deixe num simples
ponto final
de existir
.

c'est la vie

tic-tac
tic-tac tic-tac tic-tac
eu tenho visto a vida passar

tic-tac
tic-tac
tic-tac
no próximo eu vou pegar o trem para
a felicidade

tic-tac tic-tac
tic-tac

ainda estou aqui esperando a vida
passar
tic-tac
tic-tac
tic-tac

pra quem sabe na próxima reencarnação
não perder este bonde chamado vida
tic-tac
tic-tac
tic-tac
tic-tac

quem acredita em assombrações?

vem em minha breve morada
dizer a saudação mais gentil
vem deixar belas flores
para recordar
todos os dias que te deixei senil

minha senhora
que por anos casei por interesse
que mais longos anos lhe causei tanta dor
e desgosto
de algum modo incoerente
buscaste o meu amor?

mas ainda vem trazer breves flores
que morrerão antes mesmo
que eu me dispa
para o bem vindo paraíso

mulher não vou dizer que adoro
por que mentiria
não sinto pena
nem arrependimento
agradeçoas as flores
que deixaste
mas de tuas lágrimas digo
não me ames
por que de ti só queria teu dinheiro
não sabia de tuas dívidas
que herdei e por elas morri
deixe as flores e parta agora
antes mesmo que eu retorne
para assombrar a tua vida

você riu?

já disse tudo
sem dizer uma palavra
nas escritas estranhas
uma frase mal alçada

diante uma calçada
a continuidade tola
de um poema sem idéia
pra provar ao mundo
que tudo não passa de piada

vida perfeita

vejo os outros
como vejo a mim
mesmo
sendo assim são
os outros refões replicantes de mim

por isso sempre erro em amar
a mim mesmo
por isso por isso erro
em errar por mim mesmo

diante do espelho vejo uma
multidão faminta
com olhos que fazem a mesma
pergunta

tenho medo de encarar
o espelho
com medo de achar
o buraco que falta em
minha vida perfeita

delirium

putas miseráveis
amores dilacerados

o rizo abafado
afago deos prazeres
diálogos dos insanos

as vidas se encaixam
em pequenos carnavais
distúrbios
subitos
dignos
e fluidos
os raios rasos do amanhã

noites em vidro
fitas de meninas
bolas e colírios
para rever
as páginas amareladas

estou cego em desespero
flerto com
a rua vazia
e cuspo nos beijos
falsificados

a solidão
é marca
brutal
é o fracasso
real da ignoraância, incopetência
humana
medíocres
tardias revelações

nos becos dos suícidas
nem rezas, nem carinhos
apagam as vidas
em cinza

caixotes pixotes
anárquico coração
devasso
diga até logo
pois o logo é muito longe

jazigo

a minha boca revela
devaneios
dos meus olhos pequenos anseios

jaz aqui
a fome insana
de mais uma pergunta,
mais uma indecifrável pergunta

eu quero viver!
quero sentir o amor!
tão seco, tão preso
é o olhar condenado

é rubro pecado
de parar quando queremos mover

por detrás ouço as vozes
caladas
que se afogam em ruído
sim. Agora uma blasfêmia
para afogar-me nas sombras
do oceano

suburbia

há sangue manchado
nas ruínas do templo
há sonhso dilacerados
no bueiro
fétido

a morte que clama
é vizinha do meu ódio
pagão

a terra do susbúrbio clemente
é pátria perdida
os homens se calam
a meia noite
a luz se entorpece
de vinho

brutal amor
feito da tempestade
suave é o zunido
dos tiroteios

é note na cidade sem alma
onde dormem os inocentes
é livre o cão, os ratos

os lábios não se calam
eles beijam
eles dizem pouco
nos sussurros
entre sirenes

o ócio é filho
do prego

nossas vidas

pela estrada vai irmão
fugir de seu carrasco
e vilão

em algum lugar chamar
de lar
mas de muitos deixou um pouco
de ti

adiante viajante de mil
cidades
sem apazigauar seu coração
vai cravando sua dor
para fincar sua paz na alma

vou lembrar do lugar
dos tesouros esquecidos
vou gravar as palavras
que deixou
quando ainda
o mundo parecia
grande

e na fogueira mais próxima
vou queimar os pesadelos
que fizeram nossas vidas

lobo mau

serão seus olhos
meus estúpido sentimento
tão real e humano

minhas meninas
presas tímidas
de uma fome ardente

bonequinhas de porcelana
puras e intocadas
meninas

eu quero comer
a carne tão pura
vê-las sangrar
suas lágrimas
e lamúrias
serão meu alimento

sinistro sustento
sou eu parte do mundo
real
onde sonhos se enforcam em esquinas

bonequinhas do signo de virgem
vestidas em prumas
não se escondam do mundo

azul das memórias

tenho olhado o céu
para enxergar além
de minhas aflições

o céu é tão áspero
quanto as palmas
de minha mão

e chora como as lágrimas
de todos os homens

tenho perguntado
sobre a simples existência
reflexões suaves sincronizam
a dor infinita
de nosso lar ensagüentado

o poente finaliza
meus desejos
e desperta sonhos
para acalmar a culpa
de minha alma fraca

eu via o céu
como o azul de minhas memórias

Friday, June 15, 2007

foi-se

eu antes via o céu
núbio
sem perdas e lágrimas
naquele tempo
havia sinceridade
e prazer
havia algo mais..sim, havia

digo agora
simples como amar
um mero adeus
no semblante resta
um
deixar e partir
são agora verbos irmãos

era dia, era noite
no que se passou
tanto faz, tanto fez
entre os afagos generosos
das andorinhas
fico agora como uma lembrança
vazia
e o próprio eco da alma
dizendo..azia..azia

Tuesday, June 12, 2007

chão e um vão

o tempo é uma bala
perdida
nma veia do próprio tempo

os bípedes que pisam
em solo rachado
cultivam a dor dilacerada

todos de mãos calejadas
caçando grãos de areia
crianças
brincando na calçada
beijando as lembranças

vão se vestes negras
o tempo ainda reflete a luz
planejada
de um destino irreal

Sunday, June 10, 2007

miscigenação

70 % a umidade do ar
muita chance de precipitação

quanta indignação
basta chover
basta apenas chover para colher
refrões

com olhos cegos
as ruas são rupestres
desenhos da icomunicabilidade
vaidade humana, simples como ser

vende-se retratos e ganha
mentiras

finados

clarabóias, iluminadas
clarevidências
restituições
e soluços ordinários

enquadrar diligências
em repressões

camaradagens
reflexivas, homogêneas
delírios triufantes
fim do texto
fim do berço

quem bate

ao redor um frio

quem precisa dizer?
quem precisa amar?
são escolas que não sabem falar
são templos que
esqueceram de orar

o calado som da ignorância
clama por sangue
debocha da ética

crer não salvará
seus pecados
pois ele não está aqui
e você esta?

Saturday, June 09, 2007

sempre em quartos de hotéis

o quarto de lá
vejo moças tão bonitas

elas recitam versos
nus
que flutuam pela
pele

vestígios daqui eu
vejo,
olhos delas eu desejo

moças
dos quartos de lá
que eu sempre
vejo s

despindo-se
aos amores pagos
eu vejo moças
tão longe. tão longe
elas são
moças tão cruas

peles que se
despem
olhos que se
escondem
são elas, todas elas

moças de tantas praças
que eu beijaria por amor
que eu deixaria
flores

mas eu vejo do
quarto vazio
daqui onde eu enforco-me
no semblante tardio
das horas seguintes

convulsões em quartos

labaredas, borboletas.

rumos ao frágil horizonte,
estes vestígios tão belos
incógnitos no esconderijo do vento

frutos proibidos,
devaneios ensandecidos
a sede revela-se carnal

calo-me em risos aleatórios
rumos de navegantes condenados
ao eterno, ao enfermo
enfim enlouquecido elo

dias e semanas
soma em meses
eu pronuncio pronomes
eu regojizo prazeres
proclamatórios

borboletas, labaredas.

corpos em chamas

um recado na passagem
do tempo, uma marca rápida
no veleiro de ventos
sem nome

perdidos em
direções de um rumo
incoerente

eu abandono meu corpo
em nome de um lugar
comum

arredores que emergem
em jaulas divinas
eu sinto o fluido de ver
eu rio da tragédia repentina
tudo ao redor

ilusões de vida em gotas de chuva
ao redor de meus braços
eu sinto fagulhas intensas
romperem meus desejos

eu ainda sinto a chuva
molhar
eu vejo a dança fantasma
de corpos em chamas

pequenos milagres

pelas estradas
abandonadas
ouvem-se murmúrios
felizes

todos crentes
em sua vadiagem
todos ainda meninos
cheios de esperança

esparramam pela lama
alheia

arquitetos de pequenas cidades
vilarejos e bairros
de nossa lembrança

inércia

caindo no meio do
nada
flores e encantos
desses anjos caídos

vultos nas sombras
e luzes raivosas
flui o rio sem vida
na ilha do trânsito

vejo poetas
dispersando poesia
ações contrárias
em atitudes simples

comuns olhares reluzindo passados
cigarros e fumaças
construindo cidades
perversos desejos

estamos todos caindo
do alto do muro
da eternidade

vamos adquirindo
anos e anos
e os loucos insanos
ainda batem à porta

soluçoes e prantos
se fundem em risos
inocentes

esses meninos frutos
de um ventre
em desespero

todos caídos
em terreno baldio
todos lamentam o fim
da inércia

Friday, June 08, 2007

dissoantes consoantes

é difícil dizer
amor
apenas com endurecidas
consoantes

ouça!
a canção das aleluias
apaixondas pela luz

diga em sussurros
tardios
palavras contraditórias
e saberei o tamanho
de seu pesar

perdido entre ruas
e faróis
ainda tento escutar
o som das consoantes
replicadas
em muitos versos
duplicados

mas enlouqueço
sem saber
o sentido mais profundo
desta palavra amaldiçoada
chamada amor

irremediável

eu acreditei
que o sempre seria
uma valsa inocente
eu amei os passos
que a luz
os fez se apagar

em ironias e canções diversas
e de meus pensamentos
roubados
serei escravo demente

por horas e horas e horas
apenas esvazio
minhas
lágrimas
à elas dedicar
o fim inadequado

neste enquadramento moderno
mera replica de atos,
o sofrimento é a beleza
estampada na flor
fragmentada

eu peço preces
banais para sentir-me
alienado
dobro-me em reversos
infantis
em fugaz violência
sublime

voltando os ponteiros
para achar a áspera lembrança
desses laços delicados
que romperam e deixam
sempre duas pontas soltas

frutos imaginários

no fundo vejo
um reflexo
um prato vazio
com cara de gente

vejo no fundo um pouco
gente
parece conhecido o rosto
estampado

mas ainda sinto
a fome
ensurdecer a mente

vou comer meus loucos
pensamentos
que podem parecer
mais do que simples imagfinação

vozes do povo

vamos culpar
sem temer dizer
quem sempre tem razão
filhos de adão

no carma de qualque multidão
ainda hesita o clandestino
indignado

pega o porrete! pega o estilhaço!
é o povo faminto por qualquer solução

todos falando em línguas
que nã dizem
nada
porque a fome não escolhe
o patrão

são todos os pés descalços
com enxada para cultivar
sementes de ódio

é um trem desgovernado
por eras de estupro
da nação

nesta rima pobre
exito dizer simples
frações
risco qualquer chance
manipulação

manchas ocultas

o mundo tem olhos divinos
pintado de palavras
diversas
escritoc com
sentimentos internos

o mundo cala-se
ao redor das pessoas
que buzinam
flagelos

fazem das garras
escoriações
hematomas e luxações
fazem assim
hinos de guerra

o mundo estanca suas
aflições
enquanto a marcha não para
o dia parece repetir
a procissão violenta
o ritmo se houve além
dos sentidos
e os olhos do mundo
estão cegos do sangue dos homens

Tuesday, June 05, 2007

como se fosse verdade

lá em cima
na beirada da janela
um vaso quebrado
por fora
e morto por dentro
esperando cair no precipício
abandonado
por longo tempo de qualquer
carinho

assim como num tempo
suspeito
uma chuva se fez
talvez lágrimas de misericórdia
fizeram brotar ramos
e a vida se fez
de repente

em quando apenas
cheirava-se morte
veio o aroma perfeito
das flores
simétricas
e as cores desabrocharam
e o vazo não estava vazio

e tão subitamente
a chuva se foi

segundos depois
um despencar violento
o vaso florio não beirava a janela

o peso a mais o fez desequilibrar
e na cabeça de um bêbado
fez-se então um rapaz moribundo
de um mundo de acasos
estranhos
alguém se feriu na sordidez de um sorriso

neste mundo enxarcado de sons

o som da sirene faminta
relâmpagos
indicando a tempestade
o estômago calejando a vontade

sons habitam
nosso redor
gritos fora pedindo por nomes
que já se foram
vozes anunciando a marcha

tiros zumbem
mosquitos também
passos, pés correndo
fazendo tremer o mundo
quem está em completo silêncio?

mesmo amando em segrdo
ouvimos as vozes da consciência
inundandoa realidade de sonhos
barulhentos

um tiro de misericórdia

de pé para o mundo
contente
de frente ao túmulo meu
estátuas sem nome
ainda choram

sentir as fragâncias vazias
as palavras sem ritmo
descontrole
de mim

questiono o silêncio
cultivo pensamentos de maldade
busco sarar as dores
que não querem curar

eu olho em busca de um céu
mas as cores se despiram
na despedida tardia
o calabouço cruel
ainda é um imenso
buraco na alma

para onde vai o tempo

o tempo está parado
o tempo não quer andar
empacado
atolado no segundos
cansados
o tempo preguiça
se move
sem mudar
sem tornar o mundo
um lugar melhor

o tempo ficou
em algum lugar
parado para não se lembrar
mímico de si próprio
atemporal
e surreal

ponteiros que
não se movem
pela simples circunstância
de não ter pilha

o tempo uma areia movediça
de si
num túnel repleto
de sua imagem
o tempo em pó
é uma usina
de cinzas

questionf of love

let me be
next to you
some moments of existence

save! save! this place
we call world
i can dream with some
question of love

i know

may i see
the perfect eyes
maybe i feel the cold breath
possibly i am
a luckie

how could i know
your name
written in the sweet instant of rage

so many exception words
i know

Monday, June 04, 2007

há poucos segundos

vários olhos voltados para o
amanhã
acreditando ver na cegueira
nascida
uma brecha reluzente

olhos secos, murchos
na solidão
ásperos em silêncio

muitos instantes
vão passando
muitos são os segundos
refletidos em olhos que se fecharam

corações ainda se abrem
para a passagem
em tom de despedida
a sinfonia inacabada
chega a seu fim em ecos de repetição

minhas mãos
não encontram as suas
nem as de ninguém
tão próximas, tão cegas
tão intocáveis
minhas mãos tão cegas
tão isoladas das mãos
que seguram o mundo

está frio. está frio
na intensidade deste ato final
no remorso e no perdão
uma voz lentamente
se cala
em tom clandestino
nestes restantes
segundos
do mundo

aguardar segundos de destruição

deitar e esperar
chegar o fútil tempo

ele não vem, nunca vem
nem sinal
e ainda sentarei debaixo
da pessgueira
a simplesmente
esperar

fecho os olhos
lembrando de ver o céu brilhar

num som estrondoso
faço-me acordar
aprisionado na tempestade
estou
ouço agora o som tenebroso
da verdade
aprisionado em turbilhão enloucquecido

mas segundos vão e tudo passou
apenas sombras negras
avisto e com elas
todas as minhas sublimes vontades

tempestade

dezenas de passos deixados
rastros solenes
beirando o meio-dia
ascendendo em tais criaturas
lumisosos ideiais

viagens surreais
que encravam dor digna
ao dilema de simplesmente
dizer:

- Existir

com fatal erro
brado em heróico fardo
o dom amaldiçoado,
um beijo arrependido

num leve edema de pensar
ainda uma criança
a gritar
órfã, esta, no buraco enfermo
da tempestade
sou como todos um ruído
um zumbido de egoísmo

um fagulha de vil intolerância
sou tão superficial
quanto as gotas que chuva deixou
nas janelas

salve!Salve! O tempo
que consome
a si próprio neste turbilhão
infinito de viver
Salve!Salve! o tempo que
nos impede de tornar
a crueldade uma eternidade

Saturday, June 02, 2007

invisible rain

fall in me, please
tears of god
wash my evil
my cruel dirty skin

now i´m see light shinning on
i see stars in the sky
it´s illusion, it´s only lights post

falling now in me, please
water of lies
blessing words
to my dark place

i´m tasting the sweet
flavor f soul
and i keep my feeling in the night

fatal lady killer

my eyes are bleeding
hopes
and infinite stars
calling something
but i can´t hear
any words

fatal lady killer
back of me waiting my steps
to take my heart
and laugh

clear room

in restless crying
of my soul
pieces fo torture mind falling
in empty ground

sound of time, rage of mine
trying to touch my foolish soul
hunger inside
out of my winter
say words to clear
this room

dentro do quarto

meu quarto fechado
gravo crimes
cravo facas
afiadas
desafios
a tinta imperfeita
escorre pelas paredes
garvadas
nomes e plurais de você

você estende tapetes
vermelhos
é sangue
é chiero de morte

cometo crimes em nomes
vazios
distúrbios que deixo ao deleite
de paredes pixadas

retrocesso

eu que não sou rei
e que não sou escravo deste mundo
são
eu que não nego meus deveres
eu que deixei de lado
as desavenças
do entender

eu que desisto de mim
para encontrar
peças de esperança
fragmentos da felicidade

eu que não sou fiel
ao amor
nem aos meus pensamentos
deixo para trás
em pegadas ao vento

tudo para longe
para esquecer nos cafundós
da alma

Friday, June 01, 2007

rostos em todos os lugares

vejos rostos
se apagando nas areias da praia
e vejo rostos formando
nas nuvens
vejo rostos em muito lugares
em peças e máquinas
em lugares e coisas
vejo rostos
de sonhos

mas as águas
no turbilhão carmim
apagam da areia
os rostos que criei

com o tempo não vejo mais
nada
não vejo mais homens
nção vejo lugares
não vejo esperanças