Saturday, November 28, 2009

sinto-me no céu
neste véu de nuances
invisiveis

isto é o amor?
Isto é puro lsd?

sinto-me puro agora
o ar que respiro respira por mim.

sou feito de alma
feito de sentimentos
isso é energia

Isto é o céu?
Você está ai?
Desta vez vou entrar
até quando eu posso viver assim?
Deus esvazie minha alma
esvazie meus bolsos
sou pobre de espírito

envenene-me de coisas boas
faça-me seguir
meia volta
volta e meia
um volta inteira
uma cem mil voltas
quase tontura
quase tonto

sinto a frequ
ência do mundo
girando sem parar

parando para pensar
tudo fica fora do lugar
quando até mesmo
o relógio da parede continua girar
dois homens solitários
se olham na beira do infinito
dois solitários
que se acompanham
pela futil solidão

a comunicação
se esvazia
quando lágrimas se rompem

e chegada o fim
a despedida

fantasma

quando anoitecer
não estarei mais aqui
a cama esfriará
e lá morrerá tudo que construímos
os sonhos murcharam
e secaram
como fruta seca

e no silêncio
ouvirá somente a chuva lá fora
convidando para sair.

então saia. Deixe tudo para trás
porque eu não estarei aqui
serei apenas um brisa
que rufou pelo seu quarto
assim será o nosso amor
uma noite e nada mais.
quem bate a porta
na madrugada
quem clama o clamor dos humanos
alguma noite
alguma coisa insiste
algo chama e clama
vingaça e raiva
se misturam se condensam em mim

sou um artifície da maldade
encarnado agora
vejo o sanggue e a ruína

este o temor satânico
este é o fim do amor

lugar escuro

num cantinho escondido
deixei tudo para trás
estático e imóvel no porão
ficou lá cada segundo feliz
cada sorriso seguido de risadas tão vivas, tão lindas

lá ficou um pedaço pequeno de mim
de minha infância
todos os medos
esconderam-se naquele lugar, tão meu
tão meu

não olho para trás
pois estão
o medo do escuro, o temor pela morte
o presságio do fim.
Deixei lá escondido
para enfim crescer e colher
novos medos, novos rostos, novas lascas de sorrir

lá ficou tudo até mesmo a
minha alma
para não se corromper
deixei aquilo que eu fui
para nuncar mais lembrar
deixei morrer o que fazia de mim
ser eu, deixei. Deixei para sempre.
na margem oposta do rio
escrevo seu nome
à margem do rio gravo o dia

micose

arranhamos a pele
que coça de urticária
que arde
nossa pele queima e grita, reage e infecciona

qual a razão?
qual a palavra para isso.
Sinto doer, corroer como ácido
flácido a pele se torna
e torna pele
suave e sutil a cura se dilui

minha pele tem marcas
e manchas negras, minha pele não grita
não arde nem chama por mais nada.
algo incomoda, algo além da minha pele
sente calafrios e rancor
vejo seus olhos queimarem
inertes e penetrantes
invejo seus olhos de paixão
difundirem amor

quero ver com meus olhos
além deste mundo de plástico
de superfícies estáveis

navegar fora destas nuvens de papel
rabiscar nas areias do rio
palavras que possam viver
além das lembranças
quero contar até dez e apagar tudo que foi ruim

estar só além destas páginas escritas
além deste vidro fosco
vivemos em prisões
trasnparentes
mil dores... mil cores
que pintam estes muros arruinados.
mil flores espalhadas pelas ruas de lixo
mil coisas que eu joguei pela janela do trem.

restam apenas eu e você
em nosso lugar secreto
deixo mil perdões
peloque ficou marcado

Tuesday, November 17, 2009

pense em tudo que nos cerca
pense em tudo que nos rege
meu amor onde está agora

viva comigo mais duas horas
neste tempo devasso
meu amor, viva cada instante
sem que o tempo ruim se aproxime

ele virá. Ele virá e nos arrasará
pergunte quanto te amei.
pergunte quais as cores deste mundo
pergunte por onde andei
pergunte..pergunte por um pouco de mim

deixe-me dividir meus sonhos
meus medos
meus desejos

pergunte quem eu sou
pergunte onde durmo
pergunte onde estou
o mar avança
e a coragem adormece
assim vive o lobo que afasta de si
para se tornar um cão
por detrás da superfície da água
ainda se move a correnteza
ainda se movem os peixes
a vida circunda a paciente
tranquilidade.

Monday, November 16, 2009

ainda que eu pudesse olhar o céu
aquele vazio ainda me chamava
descia a montanha
era um inferno

Friday, November 13, 2009

tão superficial são seus olhos
que me admiram
superficial o toque
insubstancial da vida sobre nós

Ainda me pergunto o que serei quando crescer
talvez um rato
uma mosca
ou um protozoário

Thursday, November 12, 2009

maravilhosamente marástico

Quando amanhecer pegarei o meu carro
para ir a padaria, para a sapataria e se quiçá ao oculista.
Mas o dia vai e vem e aqui ficou eu
neste marasmo.

Vem chegando o fim do dia sorrateiro
e no instante a noite nos acalenta com estrelas
com seu brilho e seus assombros
vou dormir e antes disso uma breve oração

Logo penso comigo em minha cama
tão quentinha e confortável
"Quando amanhecer pegarei o meu carro
para ir a padaria, para a sapataria e se quiçá ao oculista.
E aproveitar o dia antes que caia neste marasmo."

paisagens em devaneios

Como se estivesse vazio.
O quarto. A sala. A cozinha.
Da janela tudo se vê, tudo se especula
se ouve e mesmo pode sentir.

Como se estivesse sozinho.
Quieto. Calado. Calmo..Talvez tranquilo demais,
talvez solitário demais.

Como se estivesse dormindo,
mas acordado ou talvez sonâmbulo.
Como se estivesse vivo.

Aqui tudo é apenas assim
sem nada para fazer
sem nada para dizer
apenas gastando saliva
para preencher cada lacunado silêncio.

Qual é a dor que alimenta o incógnito
som do oco?
Este sopro sutil é a solidão que desmancha a mente em ruínas.
É a morte anunciada. É o fim.

Daqui poderei ver o sol?
Um longo suspiro antes de acordar.

Monday, November 09, 2009

janela vazia

Friday, November 06, 2009

gasolina

o cheiro no asfalto
molhado
ainda persiste e queima as narinas
o tempo quente
refletido na pele
aquele corpo disforme
uma súplica de vida extinguida
somente rastro de automóveis

o cheiro de queimado marcando o fim
era um corpo real
nada mais que sangue e manchas negras
colado ao asfalto somente acimase vê fumaça
um registro deixado
sem alma