Friday, January 22, 2010

palavras

palavras morrem e nascem.
se afogam,
desgastam-se.
palavras se multiplicam, se devoram,
se mutilam.
palavras são iguais a nós,
seus criadores,
devotos, ensandecidos,
esquecidos.

elas, as palavras, no condenam.
nos blasfemam.
nos marcam.
nos humilham.

estamos presas à elas,
somos clonagens de nossas criações,
citações no rodapé.

um silêncio de esperança

Esvazio as dores nos ecos
do mundo
liberto os sonhos para vagarem solitários
vaga-lumes de ilusão
sonhadores em reclusão

Esvazios os sacos de nomes
e conquistas
e grampeio as folhas das almas
perdidas no mural de esperança

dedico cada segundo presente
um sopro de coragem
não chorarei, pois a chuva lavara o meu rosto
não gritarei adeus,
nem até logo

nada será dito
apenas silêncio e silêncio
os corpos cansados apenas clamam
por um pouco de sono
então apenas silêncio...