Monday, April 22, 2013

as três pedras

não se move
não muda
a pedra fica, sempre fica
estável, sólida

não diz, não chora
a pedra não rola
não muda

a pedra sofre
no infinito silêncio
de sua solidão

a pedra não ri
não muda de lugar
ela pesa em seu próprio interior

se cala em cada estrondo do trovão
se apaga em cada luz que se propaga
e se esfria em cada início de outono

o tempo faz a pedra ruir
e um dia a pedra
desaba, desisti,
desintegra de si mesmo
torna-se areia para livre
percorrer o rio
e fluir no infinito mundo

Friday, April 12, 2013

palavras

Deixei as palavras chorarem por mim
há muito tempo
e o tempo correu dizendo...
então
deixei as palavras cantarem por mim
deixei as palavras gritarem por mim

deixei as palavras esvaziarem por mim


tudo ficou mudo
todo o pensamento ficou inerte
nada..apenas nada

fechar os olhos para encontrar os sonhos
e não havia coisa alguma
apenas uma flutuação continuada

toc-toc-toc
era o mundo batendo no vazio
querendo entrar
mas as palavras gentis
se foram
e o silêncio mundano calou
o homem sem palavras

Thursday, April 04, 2013

em seu olhar perdido
um dia encontrado,
voltar ao mundo invisível
ser insensato, num pequeno pedaço
deste mundo indivsível

em seu tempo deixado
um dia foi buscar o que jamais devia ter libertado

percorrido por milhões de lágrimas
havia ainda uma criança
isolada a deriva no mar de sonhos
um ser do divino ao enésimo átomo
ainda pulsava, ainda rugia

um copo quebrado, um risco de nuvem no céu
um rosto apagado com palavras
guardado estava o tesouro antes preservado,
empoeirado, mas ainda um tesouro

distante no limiar do sol
havia a lua, havia sombra
e um punhado de pó
e nas mãos um feto ainda residia
uma luz tão fraca quanto a sutil música do inverno