Monday, April 30, 2007

frio e desolador

procuro meu cigarro
apagado
procuro um espaço vazio
para existir
mas algo está cansado
aqui
algo parece estar desistindo
apagado
como o cigarro

é frio e desalmado
viver
sem sentir
é estranho ser
sem tocar
a pele nua
a alma quente

o corredor enorme
que separa
é imenso
e eu não sei mais viver
sem questionar

picos de ilusão

a ferida como íngreme
pico
um pico de alívio
um uivo de pânico
um jeito estranho
de conter palavras
bonitas

um pico, um alívio
um surto de medo
uma histeria de prazer
afagos suaves
e gritos histéricos

dois picos de alma
dois dias de tempo
vida que dissolve
envolve
revolta
dois segundos
ao cérebro
sou rei
sou midas
em cores e mundos
sou parte e conteúdo

incontáveis
eu não recordo
acordo e o mundo
pintado com manchas
ando sem me mexer
paro e começo a correr
espasmos
segundos
picos
prazeres mascarados
eu vivo
em mentiras
entre picos idílicos
eu sonho com
o sonho real
eu temo acordar
antes do sol se por

Saturday, April 28, 2007

palavras sem nome

procurando o nome
da palavra
em dicionários gigantes
nas coisas ao redor
e apenas uma interrogação

para o nome da palavra
em questão uma insolúvel solução
e a busca persiste
e cada olhar
cada segundo
e momento
muitas belas palavras
surgem
formando rimas
e maravilhosas canções
no entanto não satisfaz

e o tudo torna-se relevante
e a busca cansativa
muito se mudou
e nada, nenhuma pista foi achada
da palavra sem nome
que seduz
todos os homens
assim até o fim fica a busca incansável
da verdade mais óbvia

visões da violência I

asfalto quente
queimando a pele
nada parece restar
nos defuntos
estendidos como larvas
secas

muros humanos corroborando
palavras vãs
e pronuncias de situações
e pesares poéticos
inundam o momento

mas amanhã será um novo dia
até que uma nova figura preencha
o vácuo da rotina
e que faça mais uma notícia
polêmica de nosso país

escolhas científicas

o universo expansivo
desde as árduas conquistas
através do mar revolto

pequenas peças
se argumentando no entendimento do todo
mas os labirintos nos fazem perder
numa fé enlouquecedora

a consciência se expande
em devaneios e irreais
pensamentos
a morte
uma livre transferência de dados

arbítrios questionados
e sistemáticos ordens caóticas
reduzem o tempo
em milésismos instantes
mil, milhões, kilos e toneladas
medidas gigantes para explicar
o micro

encolhemos numa progressão
genética
de numéros e letras
e fatais serão as escolhas de nosso combustível
nem por Malthus
Lavoisier e Darwin
justificaram
a fome

formigas

todo os dias
no mesmo horário a
mesma mecânica das ações
corpos atirando-se em extremas lotações

fadigas em todo corpo
peças numa máquina cansada
rotinas iguais e repetições
cumprindo ordens
na manutenção do caos

cada segundo deste loucura
o indvíduo é a cola da
sustentação social
não há perguntas
o trabalho nos deixa viver

pastagens

cruzam sensações
e se juntam
corpos em movimento
cruzando em sinais
opostos

seres famintos
devorando uns aos outros
aos olhos
o prazer é realizado

animais
comendo cada
segundo
vivendo em pastagens de plástico
gado em engorda
multiplicando como praga

consumindo a combustão
da vida
aplicando cada gota
e formatando a alienação divina

isto prova que somos parte
da cadeia alimentar

quem somos nós?

começa em algum lugar no pico
do morro
onde existe uma guerra
e dela desceu
anjos de ignorância
e necessidade

e se instalaram pela impunidade
e por facilidade
estes heróis tornaram deuses
e em sua arrogância
aproveitaram da inocência

arrastaram pela cidade
a violência e numa mancha
cruel a invasão tornou-se bárbara
e na pequena criação
um mártir foi levantado
e agora lembramos de tantos outros
e por um basta gritamos

mas ainda somos insuficientes
esta camada ignorante
alimentados pela doença
chamada mídia
cobre nossa pele da intepérie
alimentamos da fome da crueldade
para em lágrimas hipócritas
achar alguma razão ao perdão

totalização das mudanças

no alto patamar
o discurso se faz proclamar
de voz e potência
suavidade e verdade
todos se fazem por ouvir

de uma boca sólida
cuidadosas palavras
envolvem de alegria
transtornam pensamentos
e transbordam de fúrias
corações aptos a guerra

a multidão em aplausos
ferrenhos
olhos a chorar e almas gritando
por reação
já com bandeiras à mão
mentiras e verdades se misturam como leite no café

logo pedras atiram aos prédios
e nas ruas da cidade
ofensas se diluem como
ratos
houve zunidos secos
quebrando a madrugada
e o bueiro se enxarca de medo

a marcha intensifica
e as palavras ardem nos ouvidos
as famílias separam-se
e o caos beija nossas frontes
e marcas separam nossa vontade

muros cruzam em frente aos pés
e diferenças tolas fazem causas de morte
fileiras de fome
e somos gado na fornalha
as luzes contaminadas do discurso
e no alto patamar a voz
ensurdece os corações

e tudo parece tão estranho
e tudo mudou e eu não sabia
não entendia
eu apenas gritei o nome do alto patamar

notícias populares

riscando no asfalto
manchas de sangue
formula-se por instinto
sílabas da agressão

ruas tornam-se cruéis
todos somos réis
na grande ilusão
uma depressão
nos olhares fantasmas

calam-se os inimigos
da ordem
e sementes da corrupção
alastram-se perfurando
o petróleo do ódio

estas visões
atormentam e calsificam
cada pedaço da humanidade
nossos poros se entopem
de gordura

enlouqueço
entorpeço
estou andando sem rumo
em busca de meu perdido eu
mas temo a sombra que eu também perdi
esqueç0 o sabor da bondade
esqueço que meu nome fazia sentido

volto a ver as ruas
famintas
volto a ver o pesadelo da verdade
volto a pagar pela segurança
volto a sentir medo

tantos dizendo palavras
calmantes
por preços módicos
tantos culpando
inocentes
calamidades fazendo zumbido no coração
dos reis
a pexeira sanguinária ainda tem sede
eu ouço orações famintas
eu percorro perguntas
para encontrar o medo sem nome

- eu não vou ligar! Sim, vou discar o número do prazer. Loira de 1,86 que faz dos sonhos dúbios pensamentos de uma verdade que se perdeu.

understanding she

she is looking
inside the door
she is smiling
she is my kindness

little angel
creation of mine
drink some wine
to clear myself

she is part of me
she is all things i am

she is laughing now
few peaces of time
built the present
configure the moments

smile, gaze and live
all feelins i keep
she put the clock all right
she is all my side

Thursday, April 26, 2007

asfalto queimado

é escarlate, a mancha
que se estende no asfalto

os rastros mostram os denominadores -
a porcentagem chegam a mais de 80%, diz o tablóide

não chove
não venta
não ri
não comenta
não olha
pra que parar?

todos como cadáveres ou
sombras pálidas
em movimento - sim borrões
sim coisas mundanas

degeneração macular,
insípido ar,
translúcido sol.
o tempo recorre em socorro
mas também afoga-se

uma multidão enjaulada
na selva dos homens
alguns poucos se refugiam do holocausto
mas encotram isolamento, encontram as medidas
da própria morte social

eu e eles. Sim, aqueles também
latem por :
- parem!parem!
há sangue no tapete de concreto
ajudem! ajudem!

quem baterá na porta? se ousarmos ouvir
quem estenderá as mãos se corrermos um risco?
Ñão importa! apenas dirija!

casas blindadas, carros-fortes-
resumem as almas desamparadas
os autômatos regem o mundo
com atualizações diárias de um segunda vida
tudo no reflexo de imagens,
tudo mastigado
no visor. o mesmo carmim, mas mais brilhante, jocoso
dramático e numérico

é um dado, uma simples informação
um número desprovido de respeito
apenas para ser superficial

então chegou a hora de gritarmos
mas não restou nenhum anjo para ouvir

Me desculpe. - eles dizem. Eu tenho medo também!

avante meus irmãos

bandeiras ao estandarte
carmim e fogo queima
além de nossas vistas

lá em cima
resplandecendo nossos corações
na marcha
uma voz em uníssono
a canção que cremos

vamos irmaõs
vamos à luta
na guerra da fraternidade
vamos passar
e encartilhar as regras

vamos ser iguais, tão iguais
que nos percamos

vamos levar até o topo
o estandarte que interpreta um sonho
e representa um grito

diz aqui ó liberdade
não sejamos escravos
de um rei, sejamos forte
pela massa

espelhos e miragens

havia uma pessoa na beira do infinito
havia um desconhecido
chorando en indefinido

por que choras?
mas não havia consolo
que cortasse os prantos

nos rumos nada
o vazio roncava
e de lá eu pude ouvir

os monstros que consomiam
a fúria de existir
era maior, tão infinita
que doeu em mim

havia um homem na beira do mundo
que de suas lágrimas
criaram rios
e seu desespero
trouxe medo ao redor

havia um lugar chamado mundo
onde eu também vivi
assim como você
e todos se preocupava com o estranho
desconhecido

e sem qualquer explicação
a figura
sem rosto e nome
pulou ao penhasco do fim
e deixou um legado de perguntas
que ferem os homens

vemos nás águas violentas
abaixo do ponto de início
um fim chamado morte

testamento

espero que seja sorridente
aquele dia
que será único
que não poderá ser dado
mas tirará
o vôo de um pássaro solitário

por enquanto quero beijar
a fronte de tantas mulheres
quero ver o mundo com
inocência

quero esquecer dos males
que causei
e perdoar o que havia guardado
na raiva

este pode ser um testamento
mas por ora vou sorrir
por nada
para apenas lembrar que sei sorrir

le infant

ao momento de ver
para fora da janela
sim, para dentro da alma
por encontrar
um segredo do tempo

estavam sorrisos
de crianças
corriam e brincavam
sem mal
sem culpa
eram apenas crianças

por voltar aos campos livres
nos parques e jardins
por tocar e rever
os segundos
eternos
uma lágrima me trará de volta
uma sílaba presa
me fará pensar

tantos planos quinquenais
tantos sonhos ransosos
vou esperar. vou esperar
que ainda possa ensinar as
crianças do amanhã
a contar histórias de seu passado

vou esperar e para cada
pequeno infante que se vai
uma prece de compaixão

Tuesday, April 24, 2007

behind, beware, behold

i´ve always here
anytime
i just hear all the voices
hurting the innocent silence

i can see the river bleeding
i can not stay in quiet
you created all this moments
you would be better

i´ve never forget your face
i´ve just seen a shadow walking behind me
hurt the forgiven voices
i call you for a simple moment

and you kill the rest of me
we are the same
in this world

compreensão

por um andar cansado
por um estar desalmado
busco eternas soluções
dos sentimentos

definindo em cada espasmo,
cada reverbério da alma,
soluçp estagnado
e deparare com apenas uma versão repetida
de um verso já dito

sou apenas uma sangria
de nomes
sou infâmes personalidades
de um simples acônchego
sou um livro de folhas inifinitas

eu pergunto onde está?
onde encontra aquilo que me define?

desespero. desespero deste tempo
sem memória
medo do percurso incorreto
e de todos os frutos
terem já secados
e eu tornei-me vazio demais para compreender

Sunday, April 22, 2007

fiapos no dentes

estava lá preso,
travado,
engrupiado
maldito!
entre meus dentes
estava lá
aquele fiapo
num incômodo nauseante

era apenas um fiapo
que sairia com fácil
limpeza
se houvesse um princípio de higiene

o fiapo preso
que como incômodo manchava
toda a aparência
um fiapo que todos nós carregamos

perguntas deixadas

havia um tempo
onde fomos jovens
agora catamos as lembranças
de todos aqueles sorrisos

havia um lugar onde éramos
gigantes
havia vários momentos
de devoção
e pensamentos interligados

um olhar, um sorriso,
um simples beijar
mas hoje somos mecânicos
autômatos
naquela mesma rotina
um labirinto sem qualquer novidade

hoje somos apenas eu e você
perguntado porquês

o vento que ria

nas horas vagas
nos instantes extremos
ouvia-se o vento
rir

na solidão contida
no momento enfadonho
sempre constava a risada

então por que não rimos també?

Thursday, April 19, 2007

tempo árido

árido, a seca que
cobre a boca,
o pó encobre os olhos,
único véu entre o desespero

adiante corpos recuam
em dança
são quase ossos
num punhado de esperança
partindo numa jornada de redenção

o chão quebradiço
arde na alma calejada,
pois os pés descalços
já são vidas sem rostos
como os meus
como todos

vejo ali cruzes
e abutres e sinos,
entoam cantigas de menino

vejo ali escadas
de madeira gentil
feitas por mãos rudes e cruas

ali perfilaram um dia gentilezas
em abundância.
mas adoeceram do mesmo mal
da terra

fim de peça

apagam-se as luzes
e ainda permanecemos

o palco vazio
silêncio contemplativo

sem aplausos
cortinas fechadas

assim vejo o mundo
estranho tudo ao redor
apenas estranho

Sunday, April 08, 2007

winter burning

so far, so far
my angel I see you
behind the trees
behold me in every where

please say something
in this cold silence
they won´t deny

I´m quite now
waiting for a little sign
a little chance to hope again
you are here I can feel
I need you to
show me the way

please say something
in this short moment
they won´t deny

I´m alone here
take my hand and give
one more cold kiss
to remember our fortune days
to hold our memories in this all winter
to heat me when I lose all hope

please whisper something
to keep my heart alive
I´m still waiting you
behind the trees
I´m still waiting you to say
I love you

Wednesday, April 04, 2007

muros celestiais

ergueram-se muros,
muralhas de preces,
entre os homens.

separaram-se assim
os bons dos maus,
criaram-se barreiras
e divisões
de mundos belos e feios
e fizeram promessas
autruístas
e disseram belas palavras
populistas tingidas do visível flagelo

choraram do outro lado
e criaram planos para uma brecha neste muro
fizeram acordos, geraram revoltas e rebeliões

e foi assim que eles aumentaram o muro
e fizeram de suas palavras utopias falsas,
mentiras para o ego,
pois o medo de perder as proteções destes muros
são maiores que as crenças

aqueles que dizem ouvir

Tenho ouvido o som dos
sinos
sons dos anjos
sons que adormecem
e me fazem chorar

tenho ouvido o
uivo dos lobos
o uivo de todos
que enlouquecem e fazem-me fraquejar

tenho ouvido as lamentações
de um mundo corrupto
e doente
e fazem-me sonhar
por utopias,
mas a indigestão
do último jantar
interrompe
qualquer ato de pensar

tenho ficado surdo
aos gritos do mundo
de raças, de classe,
tenho desistido destes sons
que quase explodem
e que morrem
em algum lugar do meu país

tenho aumentado o som
que sai da tv
para distrair os meus olhos
tenho deixado tudo ligado
muito alto
para encontrar conforto
nestas distorções
dos gritos humanos

refúgios do saber

abstinência de mim
osbtrução de meus pensamentos
eu preciso de tempo
para apagar
o que eu não posso ter
como lembrança

mas o rio inquietante não se
pára com rédeas frouxas

o rio não se cala nunca
percorre aos cantos
mais profundos
para apenas dizer:

-É só você. Acorde!!

as horas pararam de repente

retalhos e figuras
que guardavámos no sótão
estão todos velhos
como nós

os duelos de muitos
maniqueísmos
nos fizeram entender
sobre as coisas deste mundo

apenas páro as horas do
relógio para dizer a mim mesmo
que:

- o ontem não se separou
do amanhã
só por isso existe o presente.

mais humano (homenagem a uma amiga)

Preciso construir a ponte
que seja forte,
que seja eterna,
que seja o caminho para o que perdi
a ponte para o doce lembrar

ontem eu perdi um amigo
e o buraco que fica
faz-se refletir em silêncio

então o amanhã jamais será
tão doce
e o passado não deverá ser amargo
como o fútil agora
resta esperar...esperar...e esperar

estes deuses enlouqueceram?
Não. Eu sei que não,
mas crer nas parábolas fazem-me roer
na inquietante dor de lembrar
de perder,
de ter sido fraco,
de sentir o frio de estar só,
da solidão de amanhecer
sem lembrar

por isso voltemos a ponte
que vou construir
para rirmos como palhaços,
para chorar como fracos,
para brigar como monstros,
para sempre ter estes momentos
que fomos sempre humanos

vou fazer a ponte
para lembrar o que não posso esquecer,
para ser o que eu queria ter sido,
para que exista sempre um amanhã
nem doce, nem amargo
mas um amanhã

com olhar maroto não mais perdido
para ti digo apenas adeus
e comigo ficará meus pensamentos
e manter-me assim mais humano