ausência

não estavam lá
os sons, as cores
as pessoas
as almas

também não havia o silêncio
não havia dor
mas eu sentia
os prantos, os gritos

eu não estava lá
entre a multidão
entre os corpos, entre os olhares
eu era uma sombra
na escuridão

na imaginação de ser
o não ser era uma palavra única
de uma frase perdida

não havia alguém
ou alguma coisa
havia sim um vazio imenso
que consumia a luz
um buraco negro faminto

consumia até o infinito
no finito tempo
de existir
sim, existi para dizer
que fui esquecido no espaço breve
de um sonho, no lapso de
um breve pensamento

existi no aqui
e no passado
como corpo

não mais no futuro
sim, talvez nunca no agora
talvez nunca no meu próprio eu

nunca no próprio ser