Monday, May 29, 2006

preces do fim do mundo

a luz se apagou
no quarto perdido
lá e em qualquer lugar
um aconchego de um lar
arestas apagadas
e as flores deasbrochadas
la fora

não restam mais sorrisos
nem brincadeiras
nos laços deixados
atrás
daqueles muros

a terra tremeu
e as lágrimas
serão azedas
não haverá promessas
nem conquistas
não terão desejos
nem palavras perdidas

nem jamais,
nem onde
quando somente puder lembrar
que o mundo não sabe cantar

assim os jazigos de árvores
tortas
assim canções
em lástimas
e marcas enraizadas na alma

os gritos de um enforcado
um silêncio
que previne o fim
deste pesadelo
ensaios de um vida
de uma alegoria

horas atrás
ainda são horas a frente
um compasso
de um passo
rumo ao infinito de sempre
reviver as horas do holocausto

ainda estou aqui
de pé como sombras
de um despertar
de ilusões

- deixe-me dormir um pouco mais!

Sunday, May 28, 2006

deixo te um beijo, deixo te um pouco mais do tempo

o tempo se veste
de tempo
na noite sem noite
no olhar da menina
sem jeito
na rua vazia
nas vozes caladas

transparente
o rio deste tejo
percorre
o que o mundo não pode pagar
doce e lépido
instante

de um salto
de um pulo
o rio que percorre
não é mais límpido
que as lágrimas
deixadas

já comigo está
o monótono
cego tempo
vestido de si
empunhando o peso
de seu nome
aos céus
sem visto brilho
ao olhar cego da criança

Sunday, May 21, 2006

a dança dos corpos vazios

então perdi seu olhar

daquela dança
de não tocar
de isolar
de deixar
neste corpos
vazios
que o tempo fez esquecer
que os homens decidiram
por excluir

imigrantes de diferentes destinos
tornai-nos irmãos
desta Índia, Birmânia
Nepal e Madgáscar
há muitos outros
deste mundo em desenvolvimento

e aqui
estamos calando vozes
estamos arrependidos
estamos tão somente
isolados
pelos nossos indignos pecados

não direi adeus
não tocarei seu rosto
não abraçarei
nem afagarei
com toque
somente serei
esquecido
de um passado
que ressoa
e reverbera
pelo corpo
serei memória perdida

quero dançar
com você
mas os males
que eu tenho
são pecados
que jamais cometi
quero dizer adeus
antes que eu venha a me calar

onde me perdi no labirinto

a calamidade chamada noite na terra dos mortos


as ruas se apagaram
na calamidade
de um tempo cruel
por detrás destes
lares
vejo prisões
sem grilhões
brando o tempo dos rufiões

pela madrugada
o refúgio
é somente
um constante silêncio
esperando ansioso
pelo rumo fúnebre da noite

este meu mundo
vazio
onde cada som
é sinal de perigo
cada repentino toque do sino
não diz meia noite

por fim a preciosa manhã


alimentamos
de cada manhã
sem café, sem sabor
de manhã

para percorrer
as ruas de novo
colocamos pedaços de sonhos
em palavras infelizes
palavras indignas
de homens que lêem
de trás para frente

Saturday, May 20, 2006

a procura

quando o amor
era ser feliz
naquele tempo
eu te pedi
um beijo

quando o tempo
se calou
por um suspiro
eu te fiz
feliz

mas os passos
nos distanciaram.
neste inferno
de lembrar
e viver de recordações
vividas

aqui o mundo
se deslocou
e tudo tornou-se muralhas
de gelo.
eu perco-me
nesta tempestade
de ilusões

perco nos sonhos
que tive ontem
e que hoje desaprendi
a ter

os corredores
deste lugar.
vazios.
gritos e chamados
todos apenas crêem nele
e eu somente vejo você

você é meu tormento
no silêncio que a minha
mente suplica

tudo está vazio
sem cor
e sem alma
enquanto eu juro por Fausto
mais uma volta pelo Éden

onde você esta?
onde você escondeu?
nosso lar
daquele tempo
que a tua ausência
era ainda um simples
temor obsoleto

Wednesday, May 17, 2006

opções do desvio

tenho pensado em te deixar
como nos passos
que deixei

tenho pensado em te deixar
como nos laços
que soltei

eu não enxergo sua
presença
eu não sinto te calor

penso em não lembrar
penso e não pensar
que o tempo
recomeçou
que as luzes
cegas do último alvorecer

sei. Juro saber das
promessas que te fiz
e não posso cumprir
nem perante o trágico destino
eu seguirei
o caminho
que se abre

eu juro que pensei
em viver por ti
mas o tempo
não pertence aos homens

Sunday, May 14, 2006

passos largos

ela vai passando
no silêncio da rua
em seus passos dispersos
tão devagar
tão bela
construindo a paisagem
que contorna meu mundo

eu desejo
te amar
como naquela manhã
como no outrem
já deflagrados
em meras palavras
esquecidas
nestes vastos sentidos
desdobrados
você passou, você cruzou

agora sei
e peço por favor
venha dançar em minha
rua
tão menina
tão você
como somente você pode fazer

como eu pude esquecer
estas palavras
que o tempo
feito para nós
fez do
recuar desta paixão
uma passagem inóspita
uma marca arrancada

venha mais uma vez
e sempre mais
essas serão
mais do que meras palavras rabiscadas
mais do que encantos
sonhados
mas você não volta
nunca volta

resta-me neste tempo
resta-me agora rever
quanto perdi em deixá-la
passar
quanto sofro por vê-la passar
na minha rua

Thursday, May 11, 2006

amores..pobre amores

por onde andei
nestes passos
cansados
sempre te vi
sempre esperei
que o desejo se fosse,
partisse
e deixasse

assim o dia
simplesmente acabou
levando a poeria
e deixando pétalas ao chão

você estava aqui
e eu não pude
vê-la
nem pude tocá-la
nem pude ao menos dizer

mas em algum lugar
eu procurei
suas pistas
sua passagem
e você
nem sequer
deixou-me os restos
desta memória
tão vivida
tão amada
em louco querer
em pouco despertar
você era minha
e eu cego pela tua pureza
e eu escravo de tua sedução

amores..amores
de um verão
de um segundo de paixão
sempre amores
de uma dor sem razão

Wednesday, May 10, 2006

segundos sagrados

vou deixar você
para trás
sempre vou deixar
você como me lembrei

será agora
aqueles segundos
passados,
sagrados

embora eu possa
lembrar de ti
eu vou jurar perder
novamente e sempre

vou deixar
cada gaveta do tempo
largada. lacrada
ao relento daquela lembrança

apenas aquela paixão
esquecida
apenas aquela lágrima insensata
ficará
nas marcas
do relevo
da mente

não me faça sofrer
deste mal
deste tal flagelo
chamado paixão

vá para sempre
adiante a
se lembrar de cada noite
que eu pensei
em ti
a cada instante
que eu enlouqueci por ti

vou deixar você
para trás
sempre vou deixar
você como me lembrei
serão agora
aqueles segundos
passados,
sagrados

Sunday, May 07, 2006

the last road of hope

sounds surround
me
everywhere
in anywhere
only angels fly free
this is the place
where we stay

please say
to me
give one more second of happiness

maybe in the world
of empty hearts
we can learn
about they

love and love,
the last card of hope
love and love
the people living there
on cities will shining again
these buildings will smile in the end
of road

sounds growing in my mind
voices kissing the face of god
where I looking for
it´s here in the infinite
empty of sounds

just my heart
is calling for life
no cry, no fear
we are free
to go
and say how it works

i see inside the
eyes of evil
and i breathe one more
light of soul

all ways closed
to me
but no one will
cross my faith

love and love,
the last card of hope
love and love
the people living there
on cities will shining again
these buildings will smile in the end
of road

please say
the last word
one more sound to make sleep
at night
in the city of grey
no more sickness
no more hurts
walk beside me
and learn the steps
of happyness

love and love
the last card of hope
love and love
the people living there
on cities will shining again
these buildings will smile in the end
of road

Thursday, May 04, 2006

Planos imperfeitos

um olhar
de seus olhos
sem lágrimas.
um chamado
de sua boca
seca

um nome
como muitos,
espalhados,
destilados e
refilados
povoados de ira

volte!volte!
como as nuvens
desejosas e
as rúbias flores
dadas a ti
daquele outono passado

dúvidas e
datas se fim
se trocam
se traduzem
em causas sem rumo

a cada pérola do tempo
registrada
perco os segundos da ironia.
a cada dor amontoada
não trará,
não permitirá
sua volta

onde somente
eu sei onde errei
em cada semente
de tua raiva
plantarei parte
deste plano infinito
que somente eu sou
culpado em estragar
os dias mais felizes
que eu não pude guardar
nas poucas horas do amanhecer

Wednesday, May 03, 2006

mea culpa

nas poucas horas da manhã
sob a mesa
incerto estava o bilhete
de tua despedida
foste embora
sem avisar
foste longe
na passagem
encoberta pela noite

e eu fiquei a fazer
o desjejum
sem saber
sem ter qualquer noção
das panelas, das coisas
e de todo o resto

ali
cúmplice fatal deste crime
estava a breve
manhã com sabor de despedida
em cima da mesa
as sombras da vergonha
lágrimas manchadas
e a dor latente de sua partida

eu era homem vivido
forte e astuto
mas entregue agora
e sempre
ao etereno vício de ti ver
nos mais profundos pesadelos
de minha culpa

Tuesday, May 02, 2006

mundo de faz de conta

"quando todos queriam ser john wayne
eu apenas era um índio sem pátria
quando todos sonhavam ser alguém
eu deixava de pensar em qualquer um"


o que está do outro lado da rua?
nesta margem de rio
o que se encontra ao
redor deste estopim?
canhões e baionetas

não farão frente
nada de preces, nem lamúrias
escaparam
aos punhais de Brutos
todos seremos fugitivos
deste labirinto de tupã

rezas que afogaram
ao som da canção
que jamais ouvi -tum!tum!tum!
eu ensurdecerei
ao rojão
assim como cegarei ao clarão
e clamarei os estandartes guarani

que as vozes que sobem ao morro
devorando a razão- serão sirenes de um vesúvio
nesta terra insana
eu deixei para trás
minha vontade, minha glaucoma, minha ironia
eu deixei para trás
a inocência, deixei de ser mocinho e com ela a heroína - ouço apenas gritos insanos

não ergurei
os alicerces deste barraco, nem da oca, nem de luta
mais viverei
por não mais ver o sol nascer, nem morrerei pela lua
da insurreição
não poderei chamar meu filho
imerso neste caos de corrupção
eu penso. Penso e reluto por descobrir

Sim eu penso haver ainda
um pouco de carvão no meu cachimbo
para acender uma paz sem alma
aplacar a fúria
que o vazio de ser é igual a existir
contra as contradições

volto a ser apenas um índio nú,
mas
vestido de mulher
volto a ser bandido
sem teto
armado de medo e fome
nesta terra de palhaços
somos sempre escravos de sete anões

Monday, May 01, 2006

dias de infortunio

ela nasceu
de olhos virados ao mundo
tão bela
e núbia

pela luz da vela
pelo berro
violento
ela nasceu
ao som
do tempo
querendo
existir

mas porque alguém
que não cremos
nos leva
os laços de esperança
a alegria tão breve
e graciosa
quem sóis tu?
que jamais disse meu nome