Tuesday, May 02, 2006

mundo de faz de conta

"quando todos queriam ser john wayne
eu apenas era um índio sem pátria
quando todos sonhavam ser alguém
eu deixava de pensar em qualquer um"


o que está do outro lado da rua?
nesta margem de rio
o que se encontra ao
redor deste estopim?
canhões e baionetas

não farão frente
nada de preces, nem lamúrias
escaparam
aos punhais de Brutos
todos seremos fugitivos
deste labirinto de tupã

rezas que afogaram
ao som da canção
que jamais ouvi -tum!tum!tum!
eu ensurdecerei
ao rojão
assim como cegarei ao clarão
e clamarei os estandartes guarani

que as vozes que sobem ao morro
devorando a razão- serão sirenes de um vesúvio
nesta terra insana
eu deixei para trás
minha vontade, minha glaucoma, minha ironia
eu deixei para trás
a inocência, deixei de ser mocinho e com ela a heroína - ouço apenas gritos insanos

não ergurei
os alicerces deste barraco, nem da oca, nem de luta
mais viverei
por não mais ver o sol nascer, nem morrerei pela lua
da insurreição
não poderei chamar meu filho
imerso neste caos de corrupção
eu penso. Penso e reluto por descobrir

Sim eu penso haver ainda
um pouco de carvão no meu cachimbo
para acender uma paz sem alma
aplacar a fúria
que o vazio de ser é igual a existir
contra as contradições

volto a ser apenas um índio nú,
mas
vestido de mulher
volto a ser bandido
sem teto
armado de medo e fome
nesta terra de palhaços
somos sempre escravos de sete anões

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