há uma triszteza pairando no ar

eu sinto ao redor

alimentando de meus sonhos

eu vejo  tempo

dissolvento nas lágrimas

eu esqueci tudo

eu esqueci

sentir e sentidos mergulhados na lixeira

eu construí barreiras

apaguei tudo

para reescrever os sonhos irreais

eu vivi tudo

numa lixeira sem muros

eu estou triste

mas eu não sei porque

eu não tenho memórias

do que eu sou

eu não sou

eu estou preso na caixa

no porão das almas

eu dissolvi todo meu sal em lágrimas

eu limpei todo o áçucar 

nas areias

eu sou um esquecimento

um glitch

até mais você

bem vindo ao amanhã

 onde eu estava?

Naquele lugar onde nasci, eu estava

estava a pensar

estava a dizer

e nada ficou claro

onde eu estava?

naquele lugar onde eu vivi

eu estava

a dizer

a sonhar

eu estava parado?

onde eu estava

vivendo sem memórias

andando nos círculos

do eu

onde eu estava

se eu estava aqui.

onde eu estava.

 Eu ainda estou olhando.

O que eu devo ver?

Eu ainda não sei, mas vou continuar olhando.

Uma coisa que eu sei é que não entendo o que vejo.

Não entendo as sílabas que constrõem este mundo.

Não sei o porque, deste quê.

Eu apenas observo e enquanto eu vejo cores, 

todos me dizem que eu devo por números.

onde eu escuto o siêncio, todos me dizem para ouvir os sons, os gritos, os ruídos.

Mas eu só queria vislumbrar, sem pensar e se eu pensar.

Quero que seja um pensamento, torto, errado ou diferente.

Mas que seja meu.

Porque devo matar o meu irmão, se na verdade eu o amo.

eu devo ganhar de você, mas eu nem te conheço.

eu devo ler a sua mente, mas sua mente não me diz nada.

Eu ainda vejo o mundo construindo sílabas sem poesia.

Eu sei apenas que estou triste agora, muito triste.

quem sabe amanhã eu vea números.