Monday, March 27, 2006

temporarios

tempo.
tanto temporario
tempo
sempre lento
lentidao
de tanto tempo
potes empilhados
pós sobre pó
empoeirando
o que restou do tempo
que te dei
do dia que gastei

tanto ando
me meio ao ranço
de cansaço
sempre diacho
vou-me em tempo
sempre lento
onde possa gastar
o que eu tenho

Sunday, March 26, 2006

beijos: menu degustação

beijo que beija
menino menina
eu te beijo
você beija ele
no português
insólito

beijos que mil
nada são
nem reflexo
de amor
nem paixão

setas
sem alvo
mil serão
de mil opções
nem eu e nem você
seremos escolhidos
neste jogo de sedução

beijos que beija
rejeita o meu e o seu
beijos de áspide
beijo que delira
beijo que deixe
um pouco de mim

mas o beijo acaba
sem sabor do nome
e o momento
beijo de instante
de número
de tempo apressado
antes da noite terminar

beijar e beijar
7..15..todos múltiplos
de mil

perfil não-humano

foram deixados aqui
na forma
in forma
de ser
ter e tê-los
reivindicados em alegria

foram preservados
em formol
nas sombras
aleatórias
do ser
e ter
reter

braços da melancolia
línguas futigadas de ódio
ponto para denscanso

quantas horas mais?
foram encomendados
assim
todos
como todos
entre opções
de cores
e nomes

muitos debruçados
no caos
maus?
lobos maus
devorando seus cordeiros
decorando
seus travesseiros
com sonhos

moinhos em rotação
estes tais seres
feridos
queridos
ou não
todos estão
dormindo
em pleno
sono desperto

incertos gritos
de boa noite
sinceros beijos
de despedida
moldes rasgados
do classificado de quinta

digo até logo
até breve
no período sem ponto final
destes todos seres
que compõe
na música de um só
de uma única dança
de ilusão

Friday, March 24, 2006

pegadas de caim

vis as faces
vi a face
deste vil enlace
de um
e de muitos
ou quase todos
neste mesmo
buraco
são jogados
como fezes

todas as faces
sem rostos
todos os poucos olhos
vivos
são sustos
de nossa fúria
nosso instinto natural

qual bem fazer anti-natural
nem a bomba H
nem o sonho dos insones
cada raiz
alastra e perfura
a verdadeira forma
de caim

Wednesday, March 22, 2006

aspargos amargos

virão a pedir
eles virão fingir
cada gota de tristeza
eles estarão onde puder olhar
todos eles
sem redenção

esperando as migalhas da sua
enganação
devorando os fatos de sua
instante hipocrisia
deleitando nos seus
pequenos surtos de nobreza

nem ousemos manchar de vermelho
nem bandeiras, nem porteiras
dissolverão
tais aspectos
da humanidade
rastejando em sua própria gosma

meus amigos
indeléveis
e insensatos
venham esmiuçar um pouco mais
de nossa gentil bondade

Tuesday, March 21, 2006

críticas de insônia

o tempo quente
o café amargo
o som volumoso da repetição
a mistura
deste dia
em mais um dia igual

escravos
de um pretérito
antropológico
resgatando questões
riscadas
num bloco de notas

o céu torna-se impiedoso
faz os homens a rezar
a presevar laços de lucidez
neste chão batido
nestes grãos partidos
nada mais haverá de fazer

incrível ilusão
que perderemos
toda a colheita
que adoeceremos na insônia
por apenas tentar ser

mas a cidade fundada
de luzes sem graça
inunda com fumaças de espelhos
ela consola e cega
e assim nos apaga

durante toda a noite
os adormecidos e acorrentados
são isolados de
seus futéis desejos
para todo o sempre

Monday, March 20, 2006

quando relembrar eu direi

Lembrar
é preciso manter
a palavra
do afago
amar..amar..ao mar
nestes tempos que a morte
nos conduz
ao nada
lembrar me fará sentir
que ainda posso amar

repetir
para guardar os laços
de humanidade
e deleitar a doença
de viver

reviver para sorrir
e dizer aos oceanos profundos
o que a mente faz questão de apagar
não sou máquina
nem função motora
deste racionalismo
irracional
preciso recordar
preciso..preciso..aqui repetir

pois soa a hora de despertar
do sono dos loucos
bem vinda a vida imposta dos homens
despidos do irreal
bem vindo ao espelho sem face
que revela quem sois
quem fomos e jamais seremos

Wednesday, March 15, 2006

Estrangeiros

Vindo de tão distante
de lugar nenhum
de qualquer civilização
breves herdeiros
consanguíneos
hebreus
sem razão

todos filhos
bastardos
abandonados
neste amontoado
de ninguém
onde cada prece
nos faz chorar
em demasia

todos os viajantes
deste ácido
vivido
todos as recordações
das canções
sem ninar
dos dias nunca antes ensolarados
poucos saberão dizer

somos estranhos de muitas línguas
somos apenas rumores
nos muros de poetas
doentios
somos sempre
pequenas fagulhas de emoção
a luz de saber
uma resposta
desta equação

Sunday, March 05, 2006

medo(in)tolerancia 0

vamos guerrear
sem tolerar
vamos onde for
sempre lutar
impedir
cada avanço

minha terra, não sua
minha casa
minha esposa
meus filhos
vamos impedir
o avanço das máquinas
vamos frear o avanço das massas

sem tempo
de esperar
vamos revolucionar
criar muros de incensatez
nesta nota de rodapé
seremos notícia

vamos lutar
antes que eu esqueça
de almoçar
sempre em frente
na tolerância
insólita dos homens
vamos impedir
o avanço dos tolos
na hipocrisia do ser
na eterna luta
de frear o medo

Passagens

olhos não meus
dias tão distantes
o cheiro da gasolina
queimando a narina
o tempo
matando a sede
desse viver
destes olhos sem eu

eu vejo o que eu não sei
dizer
eu sinto o que eu não
sei
fazer

tudo se entrega
tudo se irriga
para emergir
um pouco de alma
um pouco de paz
um pouco de nós

embora a canção
dos sólidos solitários
me esvazie
eu danço em passos
sem volta

terra vazia
destino dos olhos
de alma cansada
de cama
insensata
digo adeus
digo até logo
nesta passagem
de som

nesta casa sem voz
eu escuto apenas
os prantos
daquela mulher
que um dia chamei,
um dia amei