Sunday, March 05, 2006

Passagens

olhos não meus
dias tão distantes
o cheiro da gasolina
queimando a narina
o tempo
matando a sede
desse viver
destes olhos sem eu

eu vejo o que eu não sei
dizer
eu sinto o que eu não
sei
fazer

tudo se entrega
tudo se irriga
para emergir
um pouco de alma
um pouco de paz
um pouco de nós

embora a canção
dos sólidos solitários
me esvazie
eu danço em passos
sem volta

terra vazia
destino dos olhos
de alma cansada
de cama
insensata
digo adeus
digo até logo
nesta passagem
de som

nesta casa sem voz
eu escuto apenas
os prantos
daquela mulher
que um dia chamei,
um dia amei

0 Comments:

Post a Comment

<< Home