Friday, September 07, 2007

crianças, lagos e sorrisos

meninos que nadavam
no lago
brincavam e nadavam
como iguais
diferentes em tons e sorrisos
distantes em mundos e sonhos

crianças. Eram sim, crianças
que se afogaram
deixaram para trás
as lembranças
cultivadas num momento
onde sorriram
onde eram apenas crianças

abandonaram a superfície
acima do lago
para no imerso e profundo sonhar
na eternidade
de ser uma tristeza constante
aos olhos grotescos dos homens
crescidos

mas para elas, as crianças,
elas seriam, teriam toda
a felicidade
ainda se ouviria suas brincadeiras
elas nadaram no lago
submergiram por um riso
um riso que ecoa em nossas almas.
Imersas. Perdidas.

a lâmina

a lâmina ainda
fria
corta-me
a lâmina ainda morta
retira meus sonhos

aos poucos
transpiro a morte
pálido, pálido
morto

efêmeros, efêmeros
a pele não rubra
a alma calada
eu silêncio
em meu túmulo

a lâmina ainda
viva
responde em lágrimas
o adeus da humanidade

Sunday, September 02, 2007

preciso dizer que estou aqui
eu preciso rever todos os fugazes
sentimentos
eu preciso dizer que eu estou ao seu lado
eu preciso saber que te amo
preciso navegar neste mar de sensações
gostaria de poder voltar
nos passos atrás
naquela montanha russa
naquele lugar
sim, preciso crer que haviam iluminuras
que o sorriso tocava além da alma

gostaria de reencontrar
os laços de sentir
encontrar os espleho estilhaçados
e apagar os retratos de Dorian Grey

busco salvar-me
busco resgatar o que deve haver

túnel

eu que nasci num dia
que chovia
eu que vivi a esconder meus sentimentos
eu que corria sozinho
para recobrar

um penhasco
uma escolha para um vôo à liberdade
meus pés ainda tocam o chão
minha alma ainda alcança so som dos pássaros

eu que nasci num mundo antigo
eu que chorei pelo chão seco
que sentir o ardor de amar
eu que morri há muito tempo
e apenas existo por existir
serei elixir de minha própria vida

dúvidas

vejo as feições de deus
vejo as aplavras de um ser pagão
eu sou uma sombra à procura de alma
eu sou a vasta penúria
que sonha ser real
sou a falsidade de um beijo pecando em esquinas

pouco me importa
as crenças
pouco importa os fatos
eu sou as lembranças e o esquecimento

vejo as feições de deus
vejo o tempo fundido em dúvidas
eu estou aqui ainda
e você está aonde?
são pedaços de mim
que se espalham
em fragmentos
eu vejo em cada estilhaço
uma morte, um assassino

são muitos caminhos
inexplicáveis
são frutos vividos
espalhados no chão
são tantas memórias
tantos medos
jogados pela sala
de jantar

eu me pergunto quem sou eu?
o que sobrou de mim?
como um anjo caído
é apenas uma lágrima
que beira o triunfo da sorte
ali foi todo um sentimento real
que agora torna-se apenas sutl
evidência
que a morte
cruza a todos
sem dever nem obrigação

ali foi-se um anjo caído
que partiu para nunca voltar
e no berço de lúcifer se deitar
ali finquei a dor
para nunca mais chorar

mas vi num rosto
perdido muitos anjos cairem
muitas foices decepar
a vida
e assim novamente senti a chama
chamada humana

dádivas

quando se nasce
dizem que os anjos soprem sua face
para receber dádivas

ainda hoje espero um sopro
de anjos
talvez por isso não creia neles
não creio nos homens
não creio em minhas próprias instituições
enfim tam,bém não creio em mim
e em cada verdade que um dia adquiri para mim

ainda espero o sopro
dos anjos para dar-me
estas tais dádivas

o lago

encontrei um lago vazio
sem água, sem patos
sem peixes
sem vida
um lago do mundo
um lugar vazio de alma
vazio do mundo

havia uma casa
um espelho oculto do lago
um lugar que despia de vida
mas que refletia falsidades
que o lago há muito não podia fazer

sinais fantamas

penso, penso para aqui
desvendar os segredos
e as mentiras

mas a verdade marca-nos de falsidade
por todas as construções
construídas

significamos poucos significados
no espelho encaramos e vemos.
somos fantasmas invisíveis
pedindo, clamando, rezando
por existir

acendemos uma vela para
iluminar nossas almas
sussurramos palavras que se esvaziam
no escuro
que se perdem
mas ainda dizemos e repetimos
para que cada palavra sem significado
faça viver um significante
vamos voltar ao nosso lugar
onde fomos reais
vamos amar
cada sóbrio viver deste amanhã
vamos cantar a canção

mas o fim da tempestade
é o início da calmaria
é o fim desta chama
que se alimentou

vago existir

penso calado em todas as futilezas
passantes entre nuvens
insignificantes
e todas as edificações humanas

penso no réu culpado
de esculpuir dúvidas
na raiz deste problema
restam soluções insolúveis
diagnosticadas num simples
gracejar
tal qual um bocejo

lá se foram as flores
tão rápidas que o tempo nem parece ter mudado
mas elas, as flores, despiram neste fim outonal
aqui fico a perguntar a razão de amar
aguardo num belo sorriso
um vão da liberdade
que abrirá os portões da ignorância

sopro cada sílaba escrita
para encontrar o sentimento
que há muito se cala
que há muito se esconde

pensar nos caminhos penosos
renegar a própria existência
para reencontrar o que foi perdido
dói existir, dói pretender ser
quando tudo ao redor exige apenas ter

ainda calado
sentado no vazio, no buraco
imerso aqui nos longos
caminhos deste labirinto
que como amar é dizer que
nós existimos