Thursday, February 03, 2011

estavam lá todos os anjos
insanos
e santos
dançando para a lua
asfaltada de mármore
sim,
estavam todos os coiotes uivando na imensidão da escuridão

os muros manchados de piche.
os cultos marchando sob caixas de prego
naquelas ruas de qualquer cidade acinzentada
prédios orgulhosos se empunhando e
cravando seus dentes afiados no impenetrável
céu de estrelas

ali, na roda do infinito
os últimos anjos fétidos
bebiam cachaça
gritando ao mundo farpas de insensatez
e jogados pela avenida se debruçavam e dormiam
insignificantes, estes, homenzinhos alados
que os holofotes terrestres eram apenas luzes ofuscadas

ali, naquele lugar todo o murmúrio foi enterrado
a setenta milhões de palmos de deus.
Ainda haverá um céu de vime
para embalar a última canção

uma prece distinta para um sonho repetido
mergulhado na mente insana
de um anjo visceral

voe pensamento inter-galático
instável desumanidade

ainda embalarei o último coração
nobre
neste poema de estrofes

a dama cinzenta coberta
de mantos negros
imersa em prantos e desespero

Wednesday, February 02, 2011

tente me perdoar
se souber de minha nobre humanidade
de cada erro que risquei nas paredes de seda
fale-me de perdão quando arrancar as almas
que agonizam aqui em mim

tentei reconhecer a mim
tentei sonhar com a utopia
mas perdi-me na burocracia huamana

o sepulcro

o velho olhando a paisagem imóvel
em sua vida escassa
poucas palavras disse
o velho sem lágrimas
de rosto cansado
espera a morte lhe oferecer esperança
tão tardia a alegre morada dos imortais
ainda não lhe cedeu abrigo

velho de tempo esquecido
de palavras rudes, afiadas
nas paredes de sua infinita solidão

reze por deus, reze pelo fio
desfiado do tempo
de suas memórias embaralhadas
restaram velhas e imundas fotos

encostado. refugiando-se
escorando-se em lixo
você tornou-se parte da ilusão mundana
um acessório sem vida
uma vida rasgada
seu tempo se foi e seu corpo tornou-se
simples ilusão no oasis instantâneo de uma
foto digital
as águas inundadas de remorso
em imensas poças beirando as margens da solidão
cães boiando. Não são carcaças ambulantes
de seus corpos inchados, vazios

aqueles homens
nos arrdores da catedral
um odor permanente envolve cada vida
cada olhar
aqui os pensamentos nnao seguem leis
aqui o mundo é cru
feito de ódio e pureza
as muralhas da sociedade foram quebradas
e estamos tão próximos da realidade
certos prazeres na morte
no cedro intocável
no infinito tocar de sinos
fim do dia

espelho em mil pedaços

dois mil pedaços de mim quebrados
e espalhados pela tenebrosas ruas de espelhos
em cada um, reflexos inóspitos de meu eu

em cada pequena imagem
um pequeno coração rompido pela dor
imagens espalhadas formando um quebra-cabeça invisível

juntando cada uma desta migalhas
formando a verdadeira alma de um alguém?

ou um espelho de reflexo invertido
um espelho de mil e um reflexos
eu não sei
eu não entendo este enigma
talvez sejama apenas imagens, reflexos de luzes
formando ilusões

Tuesday, February 01, 2011

fecho os olhos para esconder
fecho o tempo com os olhos
para rever
preso na mente
num devaneio sem futuro
num lugar sem saída

eu sou um fruto azedo
em cada canto que percorro
sou uma cifra iludida
de uma música inerminável

fecho os olhos
para voltar a dormir
e a fuga dói
estar aqui faz
a solidão dialogar