Wednesday, December 19, 2007

insetos de natal

as ruas se incendeiam
pelas luzes de natal
compras e compras
um ninho cheio de formigas
correndo..correndo

as ruas são cemitérios de
vaga-lumes incandescentes
ansiosos por vitrines
atônitos como baratas
no expurgo apocalíptico

Quem será este Natal?
onde as ruas se entopem de mercadorias
onde todos se trombam e correm e correm
paramos para pensar
para tornarmos crus em sentimentos

as ruas estão cheias
de vespas
zunindo palavras vazias
eu que amei tão pouco
digo - Te amo!
eu que errei tão pouco

Tuesday, December 18, 2007

ruas dispersas
vozes sufocam em campos remotos
a cidade se suas luzes
defloram a realidade
despem
os medos
e nos faz lobos

será que loucos?
esperando a travessia do amanhã
de uma mão acoledora
de um tempo sem chuva
de um alguém real?
como as paredes
estão vazias
como o branco além da tundra
alimenta a alma

aliena a canção de piedade
onde caço cervos
eu sou uma fome
fantasma que vaga
almejando dizer
- Ola!

ao redor o frio
finge dizer
finge cobrir
enquanto a morte
em desespero encontra
meu corpo nu

-Adeus..Adeus..eu ouço no
infinito céu de lástimas
serão os sonhos que
se apossam de nossos
olhos

serão palavras que se
alimentam de nossa alma

será o jovem poeta
um assassino de tragédias?
serão todos os dias
contados
meros grãos de areia?

quando dormimos
podemos estar acordados?
quando deixamos
podemos encontrar
a figura que se move
além da imagem?

pangéia

um dia sonhei
um dia dormi
sem saber as verdades
busquei um porão
imundo

e no conforto fiquei
a sonhar
um dia fui preso
um dia fiquei sem dormir
e sonhei
acordado

um dia fui eu
na terra das avalanches
um dia fui preso
na tribuna dos tolos

foi-se o dia que esqueci
de apagar
as palavras na sala de jantar

um dia fui deitar e não dormi
um dia
maldito
eu pude ser eu
neste território histérico de loucos

Sunday, December 16, 2007

insistia
insistia, insípida
invariável farsa de mulher
que cheira a puro plágio de si

insegura
insignificante donzela
sem odes de mulher
sem luz, sem vida
sem causos, nem faustos

imploro e rogo
nas horas pagãs
um pouco de teu corpo
quase celeste

por esta mulher me apaixonei
por esta me afoguei em
fastigantes pecados

esta sombra
fria e gélida
de uma mulher irreal

Wednesday, December 12, 2007

havia um sangue derramado
na sala

era um sangue de um crime
nas nos rastros
deixei a minha ignorância
e toda a compaixão
de todos os lados
um horizonte igual
ouvindo os sons irregulares
da própria consciência

aqui na frente do mundo
cravada esta a cruz
de toda a miséria
humana
toda a vergonha sepultada
nesta cruz frágil

mas não há homens
presos a ela
não há sombras por trás delas
diga-me uma única vez
palavras que façam
sentido
diga-me um terço
de teus pensamentos

eu questiono e volto
ao mesmo ponto
inútil de existir

diga-me uma única vez
como um suave
suspiro
que faça deste sinal
uma canção inaudível

assim irei crer
assim verei as imagens distorcidas
de suas mensagens
assim ficarei rico
serei profeta
de teu nome
e pela espada forjarei
as verdades que eu bem ouvi

mas no fim será apenas o silêncio
que faz emudecer a razão
e banhar nestes solelóquios de
loucura
insistia
insistia, insípida
invariável
farsa de mulher
que cheira a puro plágio
de si

insegura
insignificante
donzela sem odes de mulher
sem luz, sem vida

por esta mulher me apaixonei

Sunday, December 09, 2007

onde posso estar?

voltar
quero voltar amanhã
neste ponto onde ainda existo
quero sentir
e ser

mas amanhá tudo perecerá
no caos concreto do hoje
amanhã será um simples
vontade

sim, será um sonho importuno
esquecido
e não mais revelado
não poderei voltar jamais
a este ponto
onde reina a incógnita

quero voltar
ao passado
onde posso ainda reviver
nas lembranças
os sonhos agora distantes
do amanhã corrompido
quase muitos pés se aprumavam
se organizavam
em raíxes firmes

todos eles significavam
faziam-se de força e nome

a voz que se ergue

não havia
não havia lástima
não havia bravura
não havia

aqui um lamento
uma voz cansada
suave
fluía seguindo o fluido
temporal

mas não havia
não dizia
não queria
se afogar no lampejo
da morte
não queria
não podia

se refugiar no medo
inconstante, sinuoso
e ferrenho

ainda assim se esforçava
em dizer meros -a-bás
se fazia, se queria?

era a voz que se refazia
e refletia
no escuro
não havia
não havia e nunca ouve
voz assim
neste silêncio em constante fuga

o que vejo é o mesmo do amanhã

serão rios afluentes,
estes que levam a mesmo padrão?

como se fosse reflexos repetidos
como canções copiadas
o flagelo que bate e estampa
nos colchões mundanos
faz de nós todos irmãos

nosso coro um imenso choro
um grande mar de retalhos
iguais.

Espalham-se por ai pessoas
diferentes sem razão alguma
são pessoas sem máscaras
sem causas, sem água
com vários calos nos pés

peço que um tiro as puna
as culpe
pois a vida é uma jaula
faminta.
um dia é uma caça para o próximo dia

todos estes rios afluentes
irão enfim secar?
ou o tempo será uma eterna permanência

terreno baldio

a voz que fraca, cala
emudece no seco
um
alívio de um formoso olhar
faz o rio secar antes da seca

a tulipa que desabrocha
não acompanha a dança
das maricotas que matracam
pela janela afora

há um vestígio de pecado
nas ruas
um olhar desconfiado
de traição
nesta dança de uma única via
tem gente que rouba
faminto
tem gente mata
sem fome

dá um nó na garganta
naquela lágrima abstrata
que resiste em cantar
um pouco de alegria

mas o ventre que morre
sem parir
é uma pobreza
este lugar divino
que perdeu sua coroa
que ficou mudo antes
do silêncio se fazer presente

pouco ficou no lugar

venho ascender a vela incandescente
para encontrar longe
de mim a chama indecente

de digno sinais
eu busco em ti a dama
formosa,
mas apenas acho a minha
amada.
a minha amada puta parceira
parteira

destes tempos humildes
eu rogo um pouco de paixão
sem prazo de validade
que saudade! Que saudade!
minha prima

o tempo finge retornar
em tampões lacrimais
que entopem o vendaval
eu quero acender esta vela
de sete dias
para apaziguar este coração
que ama, que ainda ama

mas no caixão
tão bem trabalhado
e na renda sob seu rosto
fica estampado o sorriso
falsificado
de um lugar onde
apenas pude pagar
por uns minutos de sexo