Friday, February 29, 2008

a melodiaque vem da sala
não terminou
meu olhar pelos ruídos
ainda insistem

cada palavra mesclada no ingreme
som da verdade
se apaga no início de uma amanhã
eu olho e vejo sangue
marcam as ruas
marcam os rostos
eu vejo lágrimas

tantas as vozes sufocadas
que clamam paz
tantas as verdades sujas de nosso sangue
nosso rei
umtártaro insano
que brinda o sangue negro que emerge da terra

eu olho e vejo as sombras rirem sem piedade

noite de inverno

quando sou eu e o tempo
um beijo se lança
ao desespero

eu vejo no cais a partida
para um infinito
imutável

rogo ao vento
que deixe levar
as memórias que se apagam
na suavidade de um gotejar
de chuva

ainda resisto
mas a inércia lentamente
me carrega para longe deste porto
vou em adeus
me esquecendo
te esquecendo
te refraseando
no tempo, no longo tempo

que agora me deixa
e se deita nesta noite de inverno

Sunday, February 10, 2008

a mosca

um zunindo na orelha
um barulho que ensurdece
eu sei que aqui esta
eu sei teu nome
teu roubo teu furto

mas eu não vou abrir os olhos
não vou me desconter

o prisioneiro

quero fugir deste
zunido
quero esclarecer todas
as aspas abertas

quero sair deste local
onde ainda nascem loucos
quero perecer
nas abas de um deus
melhor

quero ser melhor
longe das dores
de cabeça
quero ver o esconderijo
das verdades

tanto querer
tanto que me faz proceder
num mesmo diagnóstico
agnóstico

a ilha de minha mente
se corrompe
nos corredores famintos
eu sou uma peste
um virus, sem luz
eu durmo
eu apago
eu sou um prisioneiro
sem olhos e sem luz