Wednesday, October 17, 2012

fragmentos

Uma ferida ainda sangra
uma mancha fincada na alma
uma alma dissolvida no óleo e fumaça
tantas são as perguntas que tornam vazias a presença real
e esvaziando se vai a alma, mais e mais
aquela maldita dor ainda range entre os ossos

a ferida se dissolve perante a dor nos olhos de todos
e os gritos tornam-se sussurros ecoando e ecoando
ao redor me finco num labirinto confuso e sem foco
uma miopia, um anacronismo, um prático vulgarismo

estou esquecendo..estou perdendo a memória dos fatos
estou esquivando, escondendo o que compus
o que foi composto e ordenado na grande orquestra divina

ainda resta uma dívida a cobrar
ainda sinto o cheiro do ópio
um pouco mais, um pouco mais
assim a mente se afunda num colapso de sentidos estranhos
e percorro na superfície, vejo a casca ignorante
e distorcida do que sou

o mundo se apaga de si
e eu? e eu apago de mim as marcas reais?
finco ainda um pouco de sabedoria
para lembrar do caminho que tracei
vejo as cicatrizes,  as marcas do passado?

Quero ver ainda
quero saber o sabor do amanhã, mais um café
uma pílula, uma soneca vou ao próximo passo
neste turbilhão, nesta fina linha de pensamento
vejo um adeus agora
um fim para mais tarde, mas tão cedo eu possa acordar
serei um anjo rumo
a próxima etapa?

Questões dispersas de uma mente entorpecida
anestesiada pela loucura real
de um mundo em completa sonolência
digo adeus as feridas
ao sangue manchado no sofá
vejo o vermelho nas cores em minha frente
vejo o movimento em faucete
vejo a ultima linha deste último verso