Thursday, August 22, 2013

o espelho sem reflexos

meus olhos como os de vocês
o futuro em minha frente
o rio contínuo eu olho
para o anoitecer e coletar as estrelas
para congelar o firmamento

meus olhos são esmeraldas
projetando o seu passado
de frente em frente eu estampo
lágrimas de dor
eu sussurro saudades
se um grito libertasse...

mais um vôo pela plenitude
um passo diante ao fosso
da juventude
o tempo, o rio e a memória
são inimigos

eu não quero cair
mas o chão tornou-se um caminho de areia
que é levado pela brisa

Thursday, August 08, 2013

um pouco de beleza no mundo

preciso escolher sabiamente
o que dizer
preciso rever no dicionário
a palavra
o encanto de dizer um simples oi

é difícil encontrar o que dizer
quando na vastidão da mente
eu perce a razão

1 2 3 4 5 6 são números alinhados
são corpos caindo num prédio
são figuras abstratas para mim

e as palavras são copos vazios
aqui dentro do capacete do astronauta
não existem botões acionáveis

fechou-se a porta
e meus olhos são pedras
ou buricas que espelham os seus olhos
você trouxe um pouco de si em mim
eu deixe você entrar
me ajude a sair do labirinto de Midas
e dê um pouco de letras simplórias
para montar a minha palavra preferida:

Amor

quando o machado mancha-se de seiva

uma casa na árvore
um balanço pendurado no galho
quero uma árvore para deitar
e ler as a palavras que formam o sonhar
quero sentir os raios de sol
perfurarem com suavidade
por debaixo de seus galhos
quero sentir o cheiro das folhas,
quero vê-las cair no outono

ver envelhecer, sentir as gotas da chuva atravessar como orvalho
deixe esta árvore aqui
onde eu possa subir
e ver um pouco do mundo fora dos muros

por favor eu lhe peço
deixe esta árvore aqui!

Tuesday, August 06, 2013

pegadas rastejantes

pelo corredor preciso atravessar
cada passo, um simples adeus
do homem do tempo
o imenso corredor de portas e janelas
onde o fim eu vejo um pouco de luz
transbordar por uma porta aberta

tantos mistérios para percorrer
infinitos caminhos a escolher
e nas passadas entres passos distantes
permito-me chegar ao fim
e aqui estou diante a ao espelho
e vejo um estranho


quero reconhecer o caminho deixado
quero olhar para trás
atravessar agora o medo
e ver nas pegadas um pouco de lágrimas, sorrisos e sonhos.

Friday, August 02, 2013

seque meus olhos
porque dói, dói como agulha perfurando o dedo
seque meus olhos
porque meus lenços de papel
acabaram

seque minha alma
pois para mim é suficiente sofrer
as peças do quebra-cabeça
não se encaixam como antigamente
a bola está murcha
os livros tão surrados

agora tudo tornou-se história
tudo tornou-se um conto perdido

seque meus olhos
desta poeira do tempo
deixe-me voltar ao berço


Thursday, August 01, 2013

virtudes

astronauta, bombeiro, policial
tudo profissão para caber numa bolso da calça
tudo palavras construídas nas peças de um
quebra cabeça

O que vai ser quando crescer
vai usar o terno do pai,
pegar o espanador da Dita
vai ser gente tão grande
que não cabe na caixa da televisão

onde o corredor encolheu
e o mundo não viaja mais
onde tudo resume brigar por um punhado de
chão, um prato de frango e um cão caolho

Não! E não! Eu só quero fechar os olhos e ver nas nuvens
os meus regadores de almas

a roda infinita

girando, girando, na ciranda
de sempre cair e cair
na imensidão, na profudndidade
na realidade de ser

canta menino, canta menina
para nesta ciranda sempre girar
e não ficar para trás

gira, gira até nunca acabar
que o fim seja um traço no chão

gira, gira até rumo o horizonte
nas nuvens, nas plumas de uma ave
selvagem alcançar

viver e viver
neste lugar tão inóspito que é o nosso viver
um quarto pintado de vida e sorrir
vai menino e menina nesta roda pra sempre
de ser


fissuras atrás da janela

por que o som se esvazia para este lado
da janela?
eu veto o mundo se inverter
em versos sutis escrevo o mundo ao meu modo
deuses e senhores se curvam
diante a mim
eu destroço todos os reflexos singelos do eu

suditos, reis, heróis, personagens escalonadas
em estantes e prateleiras
minha coroa de idéias,
meu comando sem palavras
um godzilla ao meu modo

enfim aqui eu tenho tudo
mas o som vindo de fora
torna-se apenas gotículas de vapor
aqui eu estou cercado de meu mundinho
e o frio que a chuva mancha na paisagem
é mais quente que meu coração

por que minha alma está presa?
neste lugar que é meu lar
minha alma se divide
em muitas fases da dor
mas eu não choro
porque no fim criança não chora!

ela sorri nos poucos intervalos de desespero
ela vivi o mundo que cria
e ela é cria de um mundo próprio
ela dorme numa noite
para no próximo dia ser rei
ela se apaga para lembrar que um dia foi criança