Thursday, April 19, 2007

tempo árido

árido, a seca que
cobre a boca,
o pó encobre os olhos,
único véu entre o desespero

adiante corpos recuam
em dança
são quase ossos
num punhado de esperança
partindo numa jornada de redenção

o chão quebradiço
arde na alma calejada,
pois os pés descalços
já são vidas sem rostos
como os meus
como todos

vejo ali cruzes
e abutres e sinos,
entoam cantigas de menino

vejo ali escadas
de madeira gentil
feitas por mãos rudes e cruas

ali perfilaram um dia gentilezas
em abundância.
mas adoeceram do mesmo mal
da terra

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