Thursday, February 29, 2024

a bruxa e a lâmina prateada

É a minha carne que sangra

á aqui que a faca luminosa suave vem.

arrancando a pele,

a carne.

É a faca roendo até o osso.

Deixa meu corpo ao relento

dos insanos.


Eu ouço os passos da justiça

se afastarem na escuridão,

e a luz

se apagar neste quarto 

para me deitar no silêncio.

Eu revivo a faca prateada

desfiar meu corpo,

violar a minha alma

e deixar aos abutres 


Sou eu a bruxa,

morta na fogueira?

Minhas lágrimas

se esparramam como ácido sob a pele.


Serei cantada pelos lábios dos loucos,

dos fajutos e malditos.

Aos brutos, somente a glória.


Eu sinto a lâmina arrancar mais do que sangue e carne.

Toda lembrança é uma violação.

Meu reflexo é apagado

para sempre

nesta prisão 

que eu fui pega.

Eu sou a bruxa 

e você a lâmina prateada.