a bruxa e a lâmina prateada
É a minha carne que sangra
á aqui que a faca luminosa suave vem.
arrancando a pele,
a carne.
É a faca roendo até o osso.
Deixa meu corpo ao relento
dos insanos.
Eu ouço os passos da justiça
se afastarem na escuridão,
e a luz
se apagar neste quarto
para me deitar no silêncio.
Eu revivo a faca prateada
desfiar meu corpo,
violar a minha alma
e deixar aos abutres
Sou eu a bruxa,
morta na fogueira?
Minhas lágrimas
se esparramam como ácido sob a pele.
Serei cantada pelos lábios dos loucos,
dos fajutos e malditos.
Aos brutos, somente a glória.
Eu sinto a lâmina arrancar mais do que sangue e carne.
Toda lembrança é uma violação.
Meu reflexo é apagado
para sempre
nesta prisão
que eu fui pega.
Eu sou a bruxa
e você a lâmina prateada.