Thursday, May 24, 2007

poeta

havia um seco rio
parado no tempo
havia um homem lá
de nome qualquer

empunhava com toda
a ignorância
uma vara
e no seco rio
nada saía
nada vivia
nesta solidez
nesta seca
triunfal

em todos os dias
repetitivos
sua fome irascível
uma fome além do estômago

ele fisgou uma letra
uma forma
"A"
um começo mal sabia
o homem de nome
qualquer
de jeito igual a muitos

sim ele devorou
a letra para matar
sua fome
ele arrancou cada suspiro no subito momento
devorou a ponta
do começo do alfabeto

e assim nasceu
algo além
veio um princípio
chamado amor
e em seguida um vício
com ardor

de lá veio também armadilha
antagônicos,
arquitetar e astrologia
se apaixonou por atavismos
e uma semana
havia decorado alvancas e atrozes
alaúdes, antigamente e além

foi-se assim a inocência
corrompeu em formas e orações
surgiu belas frases,
vorazes rimas
e num alfabeto distinto
um fascinío

de um rio seco, um homem
culto
de uma letra,
uma alma
de uma frase, um livro

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