Tuesday, April 23, 2019

um futuro que eu esqueci que existia


ele que acreditou nas palavras
enrijecidas de ódio
que erguiam com braços firmes
a bandeira, a arma e a bravata

foram naquelas palavras que marchavam
por uma igualdade fantasiosa
mas encharcadas em venenos de esperança

eles beberam
em goles violentos e afogaram o raciocínio
numa emotiva vingança
e assim ergueram suas taças de plástico
uma liberdade que mal sabiam eles
estaria perdida

ele e muitos outros
esperaram na estação por um trem que não chega
e nunca virá naquela estação
ficaram esquecidos e abandonados

restará a multidão um longo caminho, uma jornada vazia
terão de caminhar pelas vias sem luz
pela chão batido de terra
e terão que molhar os grãos com suas lágrimas
pois ninguém mais olhará para os reflexos dos oprimidos


existirão alguns que irão sorrir
uns poucos que comerão seu caviar para relembrar
um passado obsoleto, mas que encrava suas garras de injustiça.
haverá os traidores que irão apontar os dedos para ele e muitos outros

e assim o grito emancipador será uma acusação de violência
e ninguém ligará para ele e todos os outros
que ficarão sem sonho, sem ilusão apenas encurralados na ignorância

o sol findará amargo e secará as palavras de salvação
minorias se embrulharam em seda para
deixá-los morrer, você e todos os seus.
haverá um silêncio de ordem e um breve soluço de arrependimento.


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